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1 de julho de 2015

O São João pede socorro, por Alcymar Monteiro 

O cantor Alcymar Monteiro escreveu um artigo em sua rede social criticando o modo como as festas juninas estão sendo realizadas. 

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O São João pede socorro, diz Alcymar Monteiro. Estou viajando o nordeste inteiro e tenho observado que as festas juninas estão virando um festival de pornofonia, estão mutilando nossa cultura. A festa criada por Luiz Gonzaga tinha como tema a sanfona, a zabumba, o triângulo, as quadrilhas juninas, além da culinária peculiar deste período do ano, canjica, pé de moleque, milho e batata assada na fogueira. Tudo isso acontecia sob o luar do sertão.

O que vi por onde passei foi a perfeita orquestração de interesses econômicos estereotipados voltados mais para a quantidade em detrimento da qualidade. Cabe aos governos através das secretarias de cultura e das assembleias legislativas criarem uma lei que impeça tamanho abuso, reservando 70% do mercado junino para os artistas que lutam a “duras penas” para manter a tradição do forró, impedindo o mercenarismo e a mercantilização das nossas tradições. 

Cito como exemplo o estado da Bahia que criou a chamada “lei da zabumba”, aprovada por unanimidade pela assembleia legislativa baiana. O povo já não suporta mais a descaracterização daquilo que é seu e está pedindo que as autoridades façam alguma coisa que preserve em forma de lei aquilo que é nossa identidade cultural.

O forró gonzagueano que está a beira da falência e do esquecimento das novas e futuras gerações. Os veículos de comunicação estão denunciando essa mutilação ideológica e expondo explicitamente a necessidade de fazermos uma correção no sentido de preservar etnologicamente aquilo que nos representa e que nos faz existir como povo “Nordestino”.

Diante da responsabilidade que tenho não posso simplesmente me calar e fingir que não estou vendo ou ouvindo o que está acontecendo. Como militante venho através deste manifesto expressar minha insatisfação com todo esse desmando. Forró só existe UM o gonzagueano, o jacksoneano, como artista eu bebo nessa fonte que é a matriz de tudo, o restante é invencionice, é factoide de quem não tem responsabilidade com nossa cultura.