Congresso em Foco – O empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia,
disse que doou R$ 1,6 milhão ao deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP),
o Paulinho da Força, e ao seu partido, o Solidariedade, para esvaziar
movimentos sindicais e evitar greves. Pessoa, que é um dos delatores da
Operação Lava Jato, contou que fez os repasses ao deputado entre 2010 e
2015, de acordo com o jornal O Globo.
Apontado como chefe do “clube das empreiteiras” investigadas na Lava
Jato, o empreiteiro disse que pediu a interferência do presidente
licenciado da Força Sindical para conter uma ameaça de greve de
trabalhadores contratados para a construção da hidrelétrica São Manoel,
entre Mato Grosso e Pará. A obra é tocada pela Constram, uma das
empresas da UTC.
Um dos principais aliados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), Paulinho pediu, ainda no início da CPI da Petrobras, a quebra
do sigilo telefônico do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Defensor do impeachment de Dilma, o deputado tem trabalhado contra a
cassação de Cunha no Conselho de Ética. O presidente da Câmara é acusado
de mentir sobre a existência de contas bancárias no exterior, de
receber suborno de empresa envolvida no escândalo da Petrobras e de
manter contas não declaradas no exterior. O deputado não retornou o
contato feito pela reportagem.
Paulinho foi autor de uma representação contra o líder do Psol, Chico
Alencar (RJ), por quebra de decoro. O relator do caso no Conselho de
Ética já anunciou que seu parecer será pelo arquivamento da denúncia. Para Chico, Paulinho agiu com “revanchismo” e a mando do presidente
da Câmara por ele ter sido autor de representação contra os dois. O
deputado do Psol é um dos apoiadores do pedido de cassação do mandato de
Cunha em tramitação no Conselho de Ética e assinou denúncia contra o
fundador do Solidariedade em 2008.