O Ministério Público Federal no Rio
Grande do Norte (MPF/RN) denunciou a ex-governadora Wilma de Faria, sua
filha Ana Cristina de Faria Maia e Carlos Roberto do Monte Sena, então
esposo de Ana Cristina, pelo crime de lavagem de dinheiro. Os três
estariam envolvidos no recebimento de R$ 200 mil para a campanha de
reeleição, em 2006. O valor, doado pela empresária Jane Alves e seu
marido Anderson Miguel, teve origem no esquema de corrupção desmascarado
na chamada Operação Hígia.
A denúncia do MPF, de autoria do
procurador da República Fernando Rocha, aponta que o dinheiro foi
repassado a Roberto Monte na agência do Banco do Brasil localizada no
Centro Administrativo do Estado. O repasse, confirmado em depoimento
pelo ex-gerente da agência, tinha como objetivo, segundo o Ministério
Público Federal, ajudar na campanha de reeleição de Wilma de Faria e,
assim, garantir a continuidade do esquema ilegal descoberto pela
Operação Hígia.
A Hígia desarticulou uma quadrilha
especializada em fraudar licitações, superfaturar contratos e promover
corrupção junto a agentes públicos de diversos órgãos estaduais. Os
desvios de verbas ocorreram durante a gestão de Wilma de Faria. Em seu
depoimento à Polícia Federal, Jane Alves apontou Ana Cristina como
beneficiária indireta de propina, paga inclusive durante a campanha de
2006. O fato foi confirmado por Anderson Miguel e outros envolvidos no
esquema.
Além de Jane Alves e seu marido, foi
apontado como um dos líderes do esquema ilícito o próprio filho de Wilma
de Faria, Lauro Maia, que chegava a realizar as reuniões da organização
criminosa no escritório da residência oficial da governadora. Em
dezembro de 2013, Jane foi condenada por formação de quadrilha e
corrupção ativa; enquanto Lauro Maia foi sentenciado por formação de
quadrilha, corrupção passiva e tráfico de influência. Anderson Miguel,
assassinado em 2011, não chegou a ser julgado.
A doação dos R$ 200 mil para a campanha
de Wilma de Faria ocorreu no período em que já se investigava a
participação da empresária Jane Alves no esquema fraudulento, através da
então chamada Operação União, que fomentou posteriormente a realização
da Operação Hígia. Anderson Miguel confirmou em depoimento o repasse do
dinheiro a Ana Cristina para a campanha de reeleição, através de Roberto
Sena.
O ex-gerente do Banco do Brasil, que
acompanhou a transação, descreveu a transferência do valor, informando
inclusive que foi necessário escrever a expressão “pague-se” no verso do
cheque para que, então, outro funcionário da agência entregasse o
dinheiro em espécie. A denúncia contra Wilma de Faria, Ana Cristina e
Roberto Monte foi protocolada na Justiça Federal sob o número
0004293-32.2015.4.05.8400.