O Ministério
Público Federal (MPF) apertou o cerco nas investigações relacionadas ao
ex-presidente Lula na Operação Lava-Jato. Empresas, bancos e entidades
de classe que fizeram pagamentos à L.I.L.S. Palestras, Eventos e
Publicações estão sendo oficiadas a apresentar comprovantes dos
pagamentos e da realização das palestras proferidas pelo ex-presidente. A
L.I.L.S., com sede em São Bernardo do Campo, é uma sociedade de Lula e
Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula.
Em agosto
passado, a entidade divulgou nota informando que Lula fez palestras a 41
empresas. Três delas confirmaram, na sexta-feira, ter recebido ofício
ou pedido de informações do MPF. A Rumo ALL confirma que recebeu um
ofício solicitando dados e documentos sobre a contratação da L.I.L.S.
para palestra do ex-presidente Lula. Segundo a empresa, o evento foi
realizado em julho de 2011, e os documentos relativos à palestra serão
encaminhados nos próximos dias ao MPF.
A Helibrás informou que recebeu a solicitação de informações e que a palestra foi realizada no dia 29 de abril de 2014, em Itajubá (MG). A Odebrecht, investigada na Lava-Jato, informou que já prestou as informações solicitadas em inquérito que corre em sigilo. Em nota, informou que “o ex-presidente foi convidado pela empresa para fazer palestras para empresários, investidores e líderes políticos sobre as potencialidades do Brasil e das empresas do país, exatamente, o que têm feito presidentes e ex-presidentes de outros países”. Ressaltou que “mantém uma relação institucional e transparente com o ex-presidente Lula”. A Rumo, a Helibrás e a Odebrecht não especificaram se o ofício partiu da Lava-Jato.
A L.I.L.S.
apareceu nas investigações da Odebrecht num pedido de compra da
construtora, no valor de R$ 400 mil. Na ocasião, a Polícia Federal
incluiu em relatório a informação de que o Conselho de Controle de
Atividades Financeiras (Coaf) identificou pagamentos de R$ 27 milhões à
empresa de Lula entre abril de 2011 e maio de 2015, publicada em agosto
passado pela revista “Veja” — R$ 10 milhões teriam sido pagos por
empresas investigadas na Operação Lava-Jato.
O Instituto
Lula informou ter prestado informações voluntariamente ao Ministério
Público Federal do Distrito Federal e para a Receita Federal. Negou ter
recebido pedido da força-tarefa da Lava-Jato.
“A LILS e o
Instituto Lula tem prestado todas as informações solicitadas pelas
autoridades — seja o Ministério Público Federal do Distrito Federal, que
solicitou informações antes de abrir inquérito em 2015 (o que configura
que a LILS e o Instituto as forneceram em caráter voluntário), seja a
Receita, seja qualquer outra autoridade que as solicite”, diz nota da
assessoria de Lula.
Em outro
trecho, afirma que as averiguações são sigilosas, mas que já foi
entregue o material de comprovação de realização de todas as palestras
contratadas. “Nem a LILS, nem o Instituto Lula receberam pedido de
informações da Operação Lava-Jato. O Instituto Lula publicou um
relatório com todas as suas atividades em julho de 2015, que se encontra
disponível na internet”.