Um caso inusitado de um bezerro com duas cabeças assustou os moradores de Óbidos,
no oeste do Pará, na manhã de quarta-feira (13). Em um matadouro da
cidade, uma vaca foi abatida e para surpresa dos trabalhadores do local,
ela estava prenha de um bezerro com mutação gemelar incompleta. O caso
ganhou rápida repercussão no município e intrigou os moradores.
Segundo o proprietário da vaca, morador da comunidade Paru, região
ribeirinha de Óbidos, Aluísio Câncio, no período de enchente dos rios é
natural fazer a transferência de animais para áreas de terra firme na
região. Com a intenção de conseguir recursos para viabilizar o
transporte dos animais, Câncio selecionou 20 bovinos e vendeu para abate
em um frigorífico. Entre os animais, estava a vaca, que foi escolhida
por estar muito velha.
Câncio contou ao G1 que nunca presenciou algo
parecido. Ele acredita que o fato é inédito no município. “Trabalho no
ramo há mais de 40 anos e eu nunca tinha visto uma coisa parecida aqui
na região. Deve ser um fato inédito esse bezerro com duas cabeças (...).
Meu irmão levou os animais até o frigorífico e quando chegou aqui me
deu essa notícia. Eu fiquei surpreso com esse fato, me deu medo, mas eu
entendo que isso seja obra da natureza. É estranho, mas é a natureza.
Era uma vaca velha que eu pensava que não daria mais filhos”, ressaltou.
O proprietário do frigorifico contou que o bezerro pesa 5 kg e tem
aproximadamente 7 meses de gestação. “Nós congelamos ele e a minha filha
vai tentar levar ele para uma universidade em Santarém
para que sirva de estudos para estudantes de medicina veterinária. Deve
ser um caso raro, então decidimos congelar o animal”, explicou Sivaldo
Viana.
Mutação gemelar
O G1 procurou um especialista para esclarecer o fato. A
médica veterinária doutora em reprodução das Faculdades Integradas do
Tapajos (FIT/Unama), Simone Vieira Castro, explicou que em bovinos não é
comum ocorrer parto gemelar (dois bezerros). “Nesse caso, como o animal
era velho, o embrião não conseguiu se dividir corretamente, e os dois
fetos que eram para se formarem separados começam o desenvolvimento com
alguns órgãos separados, mas a maior parte do corpo é um só”.
Ainda de acordo com Simone, outro fator que pode ter contribuído para a
malformação do animal é o uso do mesmo reprodutor na propriedade, o que
limita a variabilidade genética do rebanho. “Geralmente, esses animais
com mutações genéticas não são compatíveis com a vida. Dependendo do
grau de mutação, ou eles nascem mortos, ou vivem poucas horas após o
parto”, explicou.