Um babuíno sobreviveu por dois anos e
meio após ter um coração de porco transplantado em seu abdômen. Em
pesquisas anteriores, primatas sobreviviam no máximo 500 dias. O recorde
foi divulgado na última terça-feira (5) na revista Nature
Communications e abre espaço para transplantes entre suínos e humanos no
futuro.
O método utilizou uma combinação de
modificação genética e drogas imunossupressoras em cinco babuínos. Os
corações dos porcos não substituíam os dos primatas — que continuaram
com a função de bombear o sangue, mas estavam ligados ao sistema
circulatório por meio de dois grandes vasos sanguíneos no abdômen.
Muitas vezes, o sistema imunológico do
receptor rejeita o coração do doador por reconhecê-lo como estranho e,
portanto, uma ameaça. Na pesquisa com babuínos, os corações dos porcos
foram geneticamente modificados para ter alta tolerância à resposta
imune. Os cientistas norte-americanos e alemães também adicionaram uma
assinatura genética humana para ajudar a prevenir a coagulação do
sangue. Apenas um dos babuínos atingiu a marca
de 945 dias vivo. A média entre os cinco foi de 298 dias. A equipe pensa
em estender a pesquisa para a substituição dos órgãos.
Transplantes em humanos
Os cientistas têm feito experiências com
transplante de rins, coração e fígados de primatas em seres humanos
desde a década de 1960. Nenhum sobreviveu por mais de alguns meses. Por conta da proximidade genética, os
primatas eram os melhores candidatos a doadores. Mas não há uma grande
quantidade de macacos criados em cativeiro. Os corações dos porcos são
anatomicamente semelhantes aos corações humanos. Os suínos também
crescem rápido e são amplamente domesticados.