Em entrevista ao repórter Marcelo Lima da Tribuna do Norte o atual Comandante Geral da PMRN, Coronel Dancleiton Leite desabafa "É muito difícil de se comandar a PM" e deixou claro que "tudo tem limite" e que seu tempo à frente da instituição está bem "pertinho de se encerrar".
Segundo o Coronel Dancleiton o comando da polícia militar é uma atividade desgastante por natureza, "sou
o comandante atual, mas é muito difícil de se comandar a PM devido a
falta de recursos, de efetivo, são muitos problemas ao mesmo tempo.
Tenho muitos colegas comandantes de polícia militar e a rotatividade
está grande em todo canto.
A gente tem que saber preservar a saúde, a família. Chega um momento em que você tem que colocar na balança e dizer: vale a pena prosseguir mais um pouquinho ou passar para outro?...
...Aí você vai até o limite da
dignidade, o limite da saúde, da honra, tudo tem um limite. Quando se
chega ao limite você passa o bastão e a polícia continua...
...Estou aqui me esforçando para fazer o melhor possível pela a instituição, mas tem um momento que você se esgota."
Ao ser questionado se esse limite já chegou para ele o Comandante respondeu:
"Está bem pertinho [risos]. Estou
sempre analisando. Boto sempre numa balança: não posso negociar minha
paz, a saúde, a família e nem meu bem estar"
O Coronel confirmou ainda que haverá
concurso para a PMRN e que o edital vai sair este mês e a previsão é que
sejam ofertadas 1800 vagas sendo 120 para oficiais e em torno de 25
vagas para o quadro de saúde da PMRN, o restante serão vagas para
soldados combatentes.
Declarou ainda o Coronel que a maior
dificuldade encontrada em relação a crise vivida nesse ano foi o aporte
da diária operacional: "No começo do ano a gente conseguia colocar
500 policiais a mais por dia em todo o Estado, hoje não temos mais...
saímos de R$1,7 milhão por mês de diárias operacionais em fevereiro até
chegar a R$ 50 mil em setembro...basicamente a gente está trabalhando só
com o efetivo normal...
...O próprio policial deixou de ser
voluntário para as operações, considerando que não tinha mais previsões
de pagamento, estávamos com um atraso, em média, de 90 dias para
pagar...
...Hoje temos por dia em torno de 20 a
30 homens de serviço extra, os próprios voluntários foram diminuindo
porque eles tiravam o serviço e passavam 60 ou 90 dias para receber. Foi
caindo em descrédito essa é a verdade".
Resta saber agora até onde chega o
comando do Coronel Dancleiton à frente da PMRN e quem será o seu
substituto quando o mesmo "passar o bastão".
Se isso acontecer será a 3ª mudança de
comando só no governo de Robinson Farias e a segurança pública continua
em estado caótico, o que prova que a culpa não pode recair apenas nos
ombros dos comandantes. Já passou da hora de enxergar que a
incompetência que gera a insegurança pública é de responsabilidade de
autoridades que foram eleitas pelo povo, para cumprirem o que prometeram
e até agora pouco ou nada fizeram.
Com informações de Marcelo Lima - Tribuna do Norte