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1 de outubro de 2018

Núcleo da campanha de Haddad enfrenta acusações e processos na Justiça

O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, vem se cercando em sua campanha de auxiliares que foram delatados em desdobramentos da Operação Lava Jato ou que possuem pendências na Justiça, como denúncias e ações cobrando ressarcimento aos cofres públicos. A escolha da equipe ocorre na esteira de uma sequência de embates do partido com o Poder Judiciário e investigadores.

Para a função de tesoureiro de campanha, Haddad escolheu o ex-vereador paulistano Francisco Macena, que responde com o presidenciável a um processo na Justiça Eleitoral por suposto caixa dois na campanha municipal de 2012. Macena foi o responsável pelas contas da candidatura do partido na capital naquela eleição. As finanças foram postas sob suspeita por delatores da empreiteira UTC em desdobramento da Lava Jato.

O próprio comando nacional do partido atualmente está a cargo de uma denunciada na Lava Jato. A senadora Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do PT, conseguiu em junho se livrar de ação penal no STF (Supremo Tribunal Federal) em que era acusada de se beneficiar de recursos desviados da Petrobras.

Ela ainda enfrenta, porém, duas denúncias da Procuradoria-Geral da República pendentes de análise na Justiça. Uma delas, de 2017, acusa a cúpula do PT, incluindo Lula e Dilma Rousseff, de formar uma organização criminosa que se beneficiou de pagamentos da Odebrecht e da JBS.

Em outra denúncia, apresentada em abril deste ano, o Ministério Público Federal acusou a Odebrecht de pagar R$ 3 milhões para a campanha de Gleisi de 2014 tendo como contrapartida a ampliação de linha de crédito do BNDES para projetos em Angola.

O PT também recrutou para a coordenação da campanha um quadro veterano da sigla, o ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli, que não vinha ocupando cargos públicos nos últimos anos.

Ele se tornou alvo de ao menos duas ações de improbidade (em que não são apurados crimes, mas responsabilidade cível em danos aos cofres públicos) em decorrência de sua atuação na estatal.

Na esfera penal, figurou entre os investigados em um dos principais inquéritos sobre a operação no Supremo, mas nunca virou réu nem foi denunciado (acusado formalmente).

Seu maior revés foi uma decisão do Tribunal de Contas da União que o responsabilizou em 2017 pelos danos provocados à empresa na negociação da refinaria de Pasadena (EUA) e o condenou, com o ex-diretor Nestor Cerveró, a devolver US$ 79 milhões (R$ 320 milhões em valores de hoje) ao erário, além de pagamento de multa.

Em junho, Gabrielli conseguiu no Supremo desbloquear seus bens em uma medida que havia sido imposta em outro procedimento do TCU, sobre obras na refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco.

Braço direito de Lula após a saída da Presidência, Paulo Okamotto também atua junto à campanha presidencial e ainda consta como investigado em um inquérito da Lava Jato em Curitiba aberto na sequência de investigações sobre o ex-presidente deflagradas ainda em 2015.

O inquérito aborda o financiamento da empresa de palestras do petista, que recebeu recursos de empreiteiras, e o Instituto Lula. Okamotto é sócio minoritário dessa empresa e administrador dela, além de ter dirigido o instituto que leva o nome do ex-presidente.

O auxiliar de Lula foi réu no processo do tríplex de Guarujá, no qual o ex-presidente foi condenado, sob a acusação de lavagem de dinheiro. Okamotto, porém, foi absolvido pelo juiz Sergio Moro e também na segunda instância.

Gilberto Carvalho, um dos coordenadores da campanha petista, é réu, junto com Lula, sob acusação de corrupção passiva por, segundo o Ministério Público Federal, ter aceito promessa de vantagem indevida de R$ 6 milhões para favorecer montadoras em edições de medidas provisórias.

Em troca, o dinheiro serviria para arrecadação ilegal de campanha do PT. A ação penal é relativa à Operação Zelotes.

O ex-ministro Ricardo Berzoini, que também integrou a coordenação de campanha, foi um dos investigados no inquérito chamado de “quadrilhão do PT”.

Em março, o ministro do STF Edson Fachin determinou o desmembramento da ação e enviou o caso do ex-ministro para a Justiça Federal do Distrito Federal.

O pedido para investigar Berzoini no âmbito das irregularidades na Petrobras chegou ao STF em 2016, pela Procuradoria-Geral da República.

A defesa de Berzoini até pediu o arquivamento do trecho do inquérito que o menciona, argumentando que o Ministério Público não havia encontrado evidências de atuação irregular dele, mas o STF negou o pleito.

Nunzio Briguglio, assessor de imprensa de Haddad, foi relacionado em ação civil do Ministério Público de São Paulo, ao lado do ex-prefeito.

O processo investigou supostas irregularidades nas contas do Theatro Municipal. Nunzio foi secretário municipal de Comunicação na gestão do petista (de 2013 a 2016).

Folhapress