Terceiro colocado nas eleições presidenciais, Ciro Gomes ( PDT ) deu mais um passo no divórcio conflituoso que vem travando com o PT , de quem foi aliado histórico. Em uma série de vídeos Ciro diz que o “PT fez o diabo” contra ele durante a campanha. E que não quer mais fazer campanha “com corrupto”. Segundo ele, o PT fez besteira, e agora, em vez de fazer uma reflexão sobre os erros, tenta achar culpados.
– O PT meteu dinheiro na campanha, PT pagou fake news na internet, PT pagou grupo de agressão no Whatsapp sabem contra quem? Não foi contra o Bolsonaro, foi contra mim. O PT fez o diabo. Me escolheram como adversário de forma mesquinha, miúda, inescrupulosa e antidemocrática – reclama Ciro, completando em seguida: – Votei no Haddad, mas não quero mais fazer campanha com corrupto. Enquanto essa cúpula do PT estiver aí dando as cartas, não conte comigo.
A fala, dura, acontece dois dias depois que o senador eleito Jaques Wagner (PT-BA), em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”, disse que “não entende porque ele (Ciro) virou um exímio atacante contra o PT”, e que o partido não prometeu nada a Ciro e portanto não há razões para o pedetista se sentir traído pelos petistas, como já declarou.
Na reta final do segundo turno, Ciro foi criticado por petistas por não ter feito campanha para Fernando Haddad. O pedetista passou a segunda fase da campanha na Europa, voltou na véspera do segundo turno e não quis sequer declarar seu voto no petista.
O pedetista lembrou de episódios que prejudicaram sua campanha ao Palácio do Planalto e que foram orquestrados pelo PT, como o acordo com o PSB pela neutralidade, e uma suposta negociação do ex-presidente Lula com o dirigente do PR Valdemar Costa Neto para impedir que o centrão embarcasse em sua candidatura. Para Ciro, as ações do PT acabaram facilitando a eleição de Bolsonaro. – O PT faz a besteira, elege deputado, que era o que eles queriam fazer, e começam a achar culpados, e não fazem uma reflexão, um mínimo de humildade pra compreender as bobagens que fizeram – avalia
Desde o fim da eleição, o PDT articula com outros partidos a formação de um bloco de centro-esquerda na Câmara e no Senado, isolando o PT. O bloco quer se diferenciar do partido de Lula definindo o conceito de que não será “oposição sistemática e nem adesão automática” ao novo governo. Em um dos vídeos Ciro diz que, agora, o que os políticos devem fazer é “estimular Bolsonaro a jogar o jogo democrático”.
