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2 de julho de 2022

Pai deixa o trabalho para acompanhar filho cadeirante no 1º emprego como supervisor no Censo 2022 do IBGE


O agricultor Juvenal Mendes largou o emprego na roça por uma razão muito importante: ele passou a acompanhar filho cadeirante, que conseguiu o primeiro trabalho. Francisco de Assis Moura tem 28 anos e por conta de uma paralisia cerebral, perdeu parte dos movimentos das pernas e dos braços, além de ter a fala comprometida. A limitação para caminhar não impediu que o jovem buscasse oportunidades e independência. E uma das conquistas dele foi o cargo de supervisor no Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Não tenho palavras que consigam representar quem é meu pai. Eu costumo dizer que meu pai é minhas duas pernas”, conta Francisco.

Pai sempre apoiou filho

Seu Juvenal lembra que quando o filho era criança, ele o levava para a escola, mesmo com muitas pessoas duvidando da capacidade dele de aprender. Pessoal dizia ‘rapaz, tu é doido, vai trazer uma pessoa dessa pra escola’ e aí eu dizia que meu filho era inteligente, ‘olha, um dia ele vai ser gente.’ Olha aí onde é que ele tá hoje”, disse todo orgulhoso.

O agricultor explicou que pensou em pagar alguém para acompanhar Francisco durante, mas desistiu e resolveu ele mesmo deixar seu trabalho na cidade de Dom Expedito Lopes e acompanhar o filhão. “Ver meu filho feliz é o que me basta. Todos dias estamos vindo de van às 07h e voltamos às 17h. Aqui compramos nossa alimentação e passamos todo o dia”, relatou muito emocionado.

Juntos já percorreram muitos quilômetros

Seu Juvenal empurra a cadeira de rodas por pelo menos 10 horas. Já na primeira semana de trabalho, pai e filho percorreram mais de 50 quarteirões nos bairros e no centro de Picos, no Piauí,  debaixo de sol forte e ruas sem acessibilidade. Todos os dias são mais de 30 km, utilizando o transporte alternativo intermunicipal para chegar ao posto de trabalho. “Meu pai é um exemplo, é um exemplo, não tenho nem palavras para descrever o que ele faz por mim”, disse às lágrimas. Francisco destacou estar vivendo uma experiência que vai levar para sua vida, onde sua próxima meta é se tornar servidor público efetivo.