O aumento do imposto é motivo de crítica de entidades empresariais que se posicionam contra o reajuste, desde que ainda se tratava de um projeto encaminhado pelo Governo à Assembleia Legislativa no final do ano passado e que se tornou a Lei Estadual nº 11.314/2022.
Ao mesmo tempo em que o imposto sobe dois pontos percentuais, fixa em 7% oito produtos da cesta básica: arroz; feijão e fava; café torrado e moído; flocos e fubá de milho; óleo de soja e de algodão; margarina; pão francês; frango inteiro natural, congelado ou resfriado.
A medida foi tomada pelo governo do Estado na busca de repor as perdas na arrecadação do tributo ocasionadas pela Lei Complementar Federal nº 194, de 23 de junho de 2022, que fixou em 18% o ICMS sobre combustíveis, energia elétrica, comunicações e transportes. Essa mesma lei também prevê uma compensação aos Estados e Municípios pelas perdas. Caso haja essa compensação, o Governo do Estado não aumentaria o imposto.
No último dia 10 de março, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou a implementação de acordo firmado entre o governo federal e todos os estados da Federação, além do Distrito Federal, para que isso ocorra. Dos R$ 26,9 bilhões para este fim, o Rio Grande do Norte receberia R$ 277 milhões, mas a Secretaria Estadual de Tributação (SET/RN) alega que não cobre as perdas, que ficam na ordem de R$ 420 milhões.
O titular da SET/RN, Carlos Eduardo Xavier, viajou nesta segunda-feira (27) à Brasília onde deve discutir o assunto com o Governo Federal, contudo, até o momento, o que se tem é a continuidade do reajuste do imposto.
Na semana passada, em entrevista à Rádio Jovem Pan News Natal, Xavier disse que as negociações eram para que o acordo fosse efetivado até o final desse mês. “Se acontecer, podemos reavaliar, dentro desse contexto de compensar o que passou do ano passado e também algo que garanta nosso poder de arrecadação em 2023 e nos anos futuros”, disse na entrevista. “A gente não tem absolutamente nada na mão ainda. Não foi colocado no papel para aval do Supremo Tribunal Federal”, pontuou sobre os recursos da União.
Enquanto isso, as entidades empresariais temem que o aumento impacte diretamente nas atividades econômica e na geração de emprego e renda. “A Fecomércio RN, desde o início dos debates, se posicionou contrária ao aumento do imposto, tendo em vista os efeitos negativos da já alta carga tributária, impactando diretamente no consumo da população e na competitividade das empresas”, destacou a entidade que representa os segmentos do comércio de bens, serviços e turismo. Estes respondem por 77% da arrecadação do ICMS no estado.
Difal é prorrogado
Além de pedir que não aumentasse a alíquota do ICMS, entidades empresariais também solicitaram que Governo do Estado adiasse o pagamento do Diferencial de Alíquota do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (Difal) devido por contribuintes optantes pelo Simples Nacional, com vencimento em 3 de abril de 2023. Esse ponto foi atendido.
A reivindicação se deve à crise na segurança pública, ocasionada com a série de ataques criminosos que começou no último dia 14 contra veículos e prédios públicos e privados e comerciais, e que impactou também na economia.
Na mesma edição do DOE em que aumentou a alíquota do tributo, a governadora Fátima Bezerra prorrogou o pagamento para 3 de maio de 2023. Difal é um imposto estadual que incide sobre as operações interestaduais envolvendo bens e mercadorias. Esse tributo foi criado para equilibrar a tributação entre os estados e evitar a guerra fiscal, quando alguns estados concedem incentivos fiscais para atrair empresas.
“A solicitação atende parcialmente um pleito das entidades produtivas do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, lideradas pela Fecomércio RN, apresentado à governadora Fátima Bezerra em reunião com os representantes do Estado, quando foi debatida a recente crise na segurança pública do RN e as graves consequências para os segmentos econômicos”, pontuou a Fecomércio RN.