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26 de janeiro de 2015

Usinas eólicas garantem luz no interior do Rio Grande do Norte

Neste momento em que o Brasil discute a escassez de água e a oferta de energia elétrica, o Jornal Nacional foi visitar um lugar do Rio Grande do Norte onde a geração não depende nem dos rios nem das usinas térmicas. Em João Câmara, a 80 quilômetros de Natal, é assim: muitas casas têm aerogeradores nos quintais.

Nos últimos quatro anos, as dez usinas eólicas instaladas no município compraram ou arrendaram cada pedacinho de chão que pudesse ser aproveitado na transformação do vento em energia elétrica. Pelo aluguel da terra, pagam entre R$ 700 e R$ 1 mil mensais por aerogerador.

Na região seca, com muito vento, a indústria eólica surgiu como alternativa para os proprietários de terra. A renda reinvestida na perfuração de poços, permitiu o desenvolvimento, por exemplo, da agricultura irrigada. Com 20 aerogeradores instalados em quatro fazendas, Francisco dos Santos tem uma renda fixa, por mês, de cerca de R$ 20 mil.

Com o dinheiro, ele perfurou poços e pôde arcar com os custos do bombeamento da água até a plantação. “Antes eu não tinha condição de pagar esses três mil contos de energia para botar o pessoal para trabalhar”, conta o agricultor. Arlindo é um dos 20 funcionários contratados para trabalhar na fazenda de Seu Francisco. O novo salário foi muito bem-vindo.

“Lá em casa não tinha televisão, geladeira. Tudo isso a gente já tem”, diz o agricultor Arlindo Martins Simao. E o comércio soube mesmo aproveitar os novos clientes. “Procuramos inovar, fizemos um restaurante mais sofisticado, que tivesse essa diferença, climatizado. E tanto a população gostou como as pessoas que vêm a trabalho”, explica a empresária Véscia Maria Fernandes.

A loja de material de construção também foi ampliada. “Antes eu tinha média de quatro a cinco funcionários, hoje nós temos 20 funcionários e quadruplicou o nosso faturamento”, afirma o empresário Roldao Dantas Borges. Dados do IBGE mostram que, entre 2008 e 2012, houve, em João Câmara, um crescimento de 90% no PIB, que é o conjunto de todos os bens e serviços produzidos num determinado período.

E os bons ventos devem trazer novas ampliações do setor eólico nesta parte do Brasil. “Nós já estamos viabilizando mais cinco parques aqui na região e futuramente teremos condições de investir em mais parques”, comenta Sérgio Teixeira, responsável pelo parque eólico.

Fonte: Jornal Nacional/G1