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30 de outubro de 2015

“Quero ser psicólogo”, diz estudante potiguar que acertou 174 questões no ENEM

“Como, eu não sei, só sei que estudei bastante”. A resposta do estudante do 1º ano do ensino médio, Lucielio Cavalcante, sobre como teria conseguido acertar mais de 96% das questões do ENEM, foi rápida e objetiva. Dos 180 questionamentos do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), realizado no último final de semana em todo o Brasil, Lucielio acertou 174. Para ele, a conquista foi algo que não esperava. “Quase caio da cadeira. Eu contei três vezes para acreditar no que eu estava vendo”, declarou.

Francisco Lucielio Cavalcante de Freitas tem 18 anos e reside no município de São Miguel, situado na região do Alto Oeste do Rio Grande do Norte. Nasceu com paraplegia e só consegue andar com a ajuda de outra pessoa. Garoto humilde e bastante religioso, mora sozinho com a mãe desde que nasceu. Isso por que seu pai morreu de intoxicação quando ele completou três dias de nascido.

Apesar das dificuldades, Lucielio aposta nos estudos como forma de superar todas as barreiras que lhe foram impostas ao longo da vida. Quando residia na zona rural, por exemplo, Lucielio era levado para escola nas costas da mãe. “Teve uma época em que minha mãe me acordava cedo, me colocava na ‘cacunda’ e me levava até o colégio”, revelou.

O transporte especial só chegou quando ele ingressou no 6º ano. A prefeitura cedeu um transporte para leva-lo de casa até a escola e da escola até em casa. “Agradeço muito a prefeitura por causa disso”, disse Lucielio. Nem por isso, ele deixou de sonhar. Ao ser questionado sobre os planos para o futuro, ele destaca que seu sonho é ser psicólogo, profissão esta que acredita poder ajudar muitas pessoas.

“Sempre quis algo que fosse da área de medicina. Como eu não posso ser pediatra ou cirurgião, por conta da minha deficiência, quero ser psicólogo. Sou uma pessoa bastante comunicativa, e acho que isso pode ajudar”, detalhou. No dia da prova, Lucielio contou que se apegou à Virgem Maria, para que ela te ajudasse, uma vez que uma das maiores dificuldades era preencher o cartão-resposta.


“Tive que tomar muito cuidado, por que eu costumo marcar nos locais errados, devido a minha deficiência. Então, eu pedi à Virgem Maria, e ela ouviu minhas preces”, relatou. “Sempre tive o apoio das pessoas ao meu redor. Inclusive, meu ex-professor de matemática, Leonardo, me disse que ia me dar uns ‘cascudos’ se eu não acertasse pelo menos 60 questões”, revelou com um sorriso no rosto.