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23 de outubro de 2016

As contradições de Michel Temer

Ao assumir o comando do País com o afastamento de Dilma Rousseff, o ainda presidente interino Michel Temer (PMDB) fazia questão de deixar claro aos interlocutores e à sociedade de que precisaria adotar medidas amargas para tirar o Brasil do atoleiro em que se encontrava depois de 13 anos de gestões petistas. Mas, ao mesmo tempo em que desenhava um horizonte cinzento, o presidente empunhava uma bandeira de forte apelo popular. Prometia reduzir drasticamente o número de ministério e colocar fim à farra do aparelhamento promovido pelo PT na máquina pública, extinguindo boa parte dos mais de 107 mil cargos de confiança e funções gratificadas. Depois de seis meses no comando do Palácio do Planalto, o que se constatou, no entanto, é que o presidente ainda não cortou as benesses.

Pelo contrário, o número de cargos de confiança teria saltado de 107.121 para 108.514. Um dado que choca com o discurso de austeridade fiscal da equipe econômica e demonstra as contradições do governo, que pede à população que compreenda reformas como a do teto dos gastos públicos e assimile mudanças na Previdência, mas demonstra letargia a cumprir o seu próprio dever de casa. Ações como essas acabam dando discurso fácil para a oposição.

No Planalto, é unanime a avaliação de que não houve nenhuma mudança de planos e que os cortes nos cargos comissionados serão feitos. A explicação apresentada, incialmente, é que num primeiro momento precisou ser levado para o governo o novo time de Temer, antes mesmos que todos os remanescentes dos governos anteriores fossem cortados. A previsão é que nós próximos meses a diminuição no número de cargos de confiança já seja constatada. “Precisamos trocar o pneu com o carro em movimento”, disse um ministro palaciano na quarta-feira 19.

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