De tempos em tempos, o domínio absoluto da TV Globo no terreno da
teledramaturgia é posto em dúvida. O mais recente episódio tem sido provocado
não por uma trama que vai mal no Ibope, mas por três. O fato é que, com cerca de
um mês no ar, nenhuma das principais novelas da emissora – a das seis, a das
sete ou a das nove – emplacou no gosto do público. Substituta do sucesso
Avenida Brasil, a nova trama de Gloria Perez, Salve
Jorge, amarga média de 29 pontos no Ibope da Grande São Paulo
desde seu lançamento, em 22 de outubro. Em seu primeiro mês, Carminha, Tufão e
companhia registravam bem mais: 34 pontos.
A situação é ainda mais grave nas
tramas que vão ao ar mais cedo. O remake de Guerra
dos Sexos, que ocupa o horário das sete, tem média de 21
pontos, e Lado
a Lado, novela das seis, de meros 18. Especialistas ouvidos pelo site
de VEJA ressaltam que problemas de audiência são normais nas primeiras semanas
das novelas, afinal, o público precisa de um tempo para se familiarizar com os
novos personagens e a história. A regra, porém, tem virado exceção à medida que
as tramas se afastam da data de estreia sem melhorias significativas nos
números.
A explicação para o desabamento da audiência de novelas
diferentes não apenas no conteúdo, mas também no horário de exibição e no
público-alvo, naturalmente, não pode repousar em um único motivo. O diagnóstico
é específico para cada trama e contempla elementos como tema, texto, elenco,
direção e fotografia. Há, porém, fatores de maior amplitude
que afetam a todas, sem distinção. Caso da renovação representada por
Avenida Brasil, que paira como um fantasma sobre as fórmulas clássicas
– e cansadas – de folhetins como Salve Jorge. O público se acostumou à
linguagem proposta pelo autor João Emanuel Carneiro, mais veloz e próxima tanto
do cinema como dos seriados americanos, e sente falta da família Tufão.