A ventania observada em Natal e no Interior, nos últimos dias,
é inimiga da chuva. É o que garante o meteorologista da Empresa de Pesquisa
Agropecuária do RN (Emparn), Gilmar Bistrot. Baseado em pesquisas da estação
automática que o órgão mantém no Seridó, a velocidade de 15 KM/H é alta e
contrária por desfigurar as nuvens em formação. “Os ventos Sul e Sudeste estão
fortes. Não deixam o ar parado. Isso é ruim, pois ele chega na lateral e dissipa
a nuvem. O certo seria o deslocamento na vertical. Vento calmo favorece a
chuva”.
O fato é ocasionado pela mudança da Zona de Convergência
Intertropical, que tem sofrido interferência do aquecimento abaixo do esperado
do oceano Atlântico Sul. “Quanto mais quente ele estiver, maior a chance de
chuva”, diz Gilmar. São dez dias em que a água sumiu do Seridó (junto com o Alto
Oeste, a região mais castigada pela seca no Estado). Caso o Atlântico Sul
esquente, a ZCIT ficará estacionada ao sul da linha do Equador, o que favorece
as chuvas.
Mesmo com o cenário melhor que o do ano passado, 2013 terá um
quadro preocupante. “A previsão é de que chova em todo o Nordeste, nesta
semana. Mas isso é um modelo de previsão. Se, de repente, bate vento forte, não
vale nada. Podemos ter outra situação de seca”, alerta Gilmar, “e não sabemos de
onde vem esse vento todo. O Atlântico Sul não está tão frio assim para que isso
aconteça” – no próprio site da Emparn, o resultado da IV Reunião de Análise
Climática para a Região Nordeste do Brasil – 2013 prevê um inverno abaixo do
normal.
Em todo o Nordeste, apenas Sergipe e Maranhão estão com níveis
dos reservatórios de água acima de 50% (64% e 59%, respectivamente. O Rio Grande
do Norte está com 44%. No Seridó, açude como o Itans, em Caicó, mal chega a um
terço da capacidade (27,97%). Sexta-feira passada (01), Gilmar Bistrot esteve em
Caicó para proferir uma palestra com o tema Condições de Chuvas para 2013 no
Seridó Potiguar” – Ano V, em que a possível manutenção do baixo volume de chuvas
foi exposta para produtores e população.
Fonte: Portal JH