O sertão brasileiro, velho conhecido da Rede Globo, volta à TV. Desta
vez, no entanto, sai de cena o agreste icônico de Lampião e Padre Cícero
e entra a terra fértil cortada pelo rio São Francisco, produtora de
vinho e de frutas para exportação. Este é o cenário de "Amores Roubados", série de dez capítulos que a
emissora exibe em janeiro de 2014 com a promessa de sotaque mais
fidedigno e imagem de cinema.
A obra é uma adaptação de "A Emparedada da Rua Nova", de Carneiro
Vilela, folhetim publicado semanalmente entre 1909 e 1912 pelo "Jornal
Pequeno", do Recife (PE). Trata de um Don Juan que entra em apuros ao se
envolver com a filha de um homem rico e poderoso da capital. Na época
da publicação, a trama, que gira em torno de paixão e vingança, virou
febre com status de lenda urbana.
Agora, foi teletransportada para a área rural e para o século 21.
Segundo os idealizadores, a ideia é levar à tela um sertão contemporâneo
e mais próximo da "vida real" do Nordeste, ainda que a história
original tenha sido escrita há mais de cem anos. A professora de comunicação da Universidade Federal da Bahia, Maria
Carmem Jacob de Souza, afirma gostar da ideia de ver um sertão mais
atual na tela e diz achar importante que a produção de teledramaturgia
"saia do eixo rotineiro" e explore diferentes regiões do país.
"Na verdade, eles podem é desmontar estereótipos e até tornar mais rica a impressão sobre o Nordeste." Segundo Julio Wainer, professor de jornalismo e diretor da TV PUC, a
escolha da Globo reflete uma necessidade de modernização e de
fidelização de um público. "O cavalo não existe mais, existe a moto há
mais de dez anos. A emissora é obrigada a se atualizar para não ficar de
fora da audiência no Nordeste."