Na maca branca de uma sala do Hospital da Aeronáutica de São Paulo
repousa Roberto Caldeira. O paciente de 65 anos tinha uma vida normal há
alguns meses. Avô de 8 netos, pai de 4 filhos e esposo de uma
mulher que conheceu na adolescência, o homem já não respira mais
sozinho. O aparelho de monitoramento cardíaco exala a aflição em cada
“pi” que lança ao ar. “Se na época [1993] o câncer de próstata fosse mais divulgado,
certamente meu avô ainda estaria conosco”, conta o neto, Felipe
Lucchesi, 23. Roberto descobriu a doença aos 64 anos e faleceu aos 65.
Após o programa de conscientização sobre o câncer de mama, Outubro
Rosa, é a vez da campanha Novembro Azul. Idealizada pelo Instituto Lado a
Lado pela Vida, em parceria com a Sociedade Brasileira de Urologia
(SBU), a ação tem por objetivo esclarecer a importância dos exames de
rastreamento do câncer de próstata, doença que acomete um a cada seis
homens no país. De acordo com a SBU, 69 mil casos da doença deverão ser
diagnosticados somente em 2014, e 13 mil brasileiros devem morrer em
decorrência da patologia, o equivalente a uma morte a cada 40 minutos.
De acordo com o Urologista do Instituto Paulista de Cancerologia
(IPC), Reinaldo Barbella Jr., o diagnóstico precoce, um tabu no universo
masculino, aumenta em 80% a chance de cura. “O rastreamento consiste no
exame de sangue PSA e toque retal”, declara o médico, o qual garante
que o teste de toque é indolor. “Não dói nada, é coisa de 10, 15
segundos”, finaliza.