O mês de dezembro foi “light” para muitos deputados federais,
sobretudo, aqueles que não conseguiram renovar seus mandatos na Câmara
Federal, em Brasília. João Maia, do PR, foi um exemplo. Esteve presenta
em apenas uma sessão plenária no último mês do ano. Contudo, nem por
isso o ex-candidato a vice-governador de Henrique Eduardo Alves (PMDB),
economizou recursos da cota indenizatória. Pelo contrário. João Maia
bateu recorde e, só em dezembro, utilizou mais de R$ 123 mil do valor
indenizatório disponibilizado pela Câmara Federal.
Geralmente, os deputados que mais utilizam a cota indenizatória da
Câmara Federal somam, com ela, um valor quase que igual aos seus
salários – ou um pouco superiores. Ou seja: recebem R$ 27 mil e gastam,
da cota, cerca de R$ 30 mil mensais. Em dezembro, quase todos os
deputados da bancada potiguar na Câmara Federal gastaram menos de R$ 20
mil da cota indenizatória. Betinho Rosado (PP) e João Maia (PR) foram
exceções. Betinho, porém, gastou “apenas” R$ 37,6 mil.
O valor de Betinho Rosado, que seria considerado “acima da média” se
comparado aos demais meses – ou aos valores gastos pelos demais
deputados – acabou sendo visto como “apenas” se comparado ao R$ 123 mil
de dinheiro público gasto por João Maia, maior montante utilizado por um
deputado potiguar na Câmara Federal em 2014. E detalhe que quase R$ 80
mil desse valor foi só para propaganda. Alias: “divulgação da atividade
parlamentar”, como é identificado o gasto na lista de despesas da cota
indenizatória.
A Semear Editora Gráfica foi a escolhida para os trabalhos de
divulgação de João Maia. Localizada em Brasília, onde João Maia
trabalha, a Semear teria prestado quatro serviços ao parlamentar em
final de mandato: impressão e acabamento de divulgação da atividade
parlamentar; automação e publicidade CD e E-book, com gravação de
conteudo em mídia digial, impressão de label e confecção de embalagem
publicação de divulgação das atividades dos mandatos; criação,
consultoria e assessoria jornalística em comunicação, seleção de imagem,
layout e revisão para a impressão; e diagramação, arte final, correções
e fechamento de arquivos para publicação de divulgação das atividades
parlamentares.
Os valores do serviço custaram para a Câmara Federal,
respectivamente, R$ 39 mil, R$ 25,9 mil, R$ 8,8 mil e R$ 5,7 mil.
Contudo, além disso, João Maia ainda pagou R$ 2,1 mil com combustível,
R$ 24,1 mil com consultorias e pesquisas técnicas, R$ 10 mil de locação
de veículos e mais R$ 7 mil de serviços postais – duas encomendas
contratadas pelos Correios custou mais de R$ 2 mil cada.
É importante lembrar que, em dezembro, João Maia participou de apenas
uma das sete sessões plenárias realizadas na Casa Legislativa – durante
o ano, o deputado do PR esteve ausente em 21 das 82 sessões, ou seja,
mais de 25% de ausências “justificadas”. Candidato a vice-governador do RN na chapa encabeçada por Henrique
Eduardo Alves, João Maia foi derrotado pela parceria Robinson Faria
(PSD) e Fábio Dantas (PC do B). Pelo menos, ele conseguiu eleger a irmã,
a médica Zenaide Maia, também do PR, para substituí-lo na Câmara
Federal. Ela assume o cargo em fevereiro.