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19 de agosto de 2015

Estudo da UFRN aborda ameaça de extinção do macaco-prego no Nordeste

A alimentação é a pressão seletiva básica de todas as formas de vida animal. Segundo a pesquisadora do Centro de Biociências (CB) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Poliana Gabriele Alves de Souza Lins, modelos em ecologia nutricional de primatas preveem as consequências do consumo de alimentos preferidos e não preferidos no comportamento, fisiologia e morfologia dos animais.

A pesquisadora explica que modelos socioecológicos inferem no padrão de organização social a partir do tipo de competição alimentar enfrentada pelos animais. A definição de alimentos preferidos, e inferências sobre a intensidade de competição e suas consequências comportamentais são informações valiosas para manejo desses animais.

Segundo ela, no trabalho foi observado o comportamento alimentar e posicionamento espacial de um grupo de mais de 100 macacos-prego galegos (Sapajus flavius) que habitam um fragmento de Mata Atlântica, cercado por plantações de cana-de-açúcar. “De acordo com os dados da pesquisa, embora as frutas sejam itens alimentares preferenciais, a taxa de competição direta não se correlacionou com a sua produtividade, mantendo-se a índices elevados durante todo o ano (2,45 eventos/hora). O índice de distância interindividual correlacionou positivamente com a pluviometria indicando variação na competição indireta por alimentos”.

Outra observação é que “O número de vizinhos das fêmeas com filhotes foi menor quando a produtividade de frutos era baixa, indicando que elas estão sofrendo alta competição indireta. Os dados indicam que esse grupo faz uso de cana-de-açúcar como alimento reserva estável, o que evidencia a importância da matriz circundante ao fragmento para a sobrevivência desta espécie criticamente ameaçada de macaco-prego no Nordeste do Brasil”, destaca Poliana Alves.

De acordo com a pesquisadora, tanto a preferência alimentar quanto as consequências sociocomportamentais da alta competição alimentar vivenciada pelos animais precisam ser acompanhadas ao longo dos anos para assegurar a sobrevivência destes animais.

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