BG - A crise institucional que vive o País e a crise de relações entre a
presidente Dilma Rousseff e vice-presidente Michel Temer ameaçam alargar
ainda mais o fosso que separa PMDB e PT e o governo de sua base de
sustentação. E no olho do furacão da crise política está o hoje ministro Henrique Eduardo Alves, ex-presidente da Câmara dos Deputados.
Ex-quase-deputado vitalício – se elegeu onze vezes consecutivas -,
Henrique Alves sempre foi chegado a uma indicação de cargos, atuando com
maestria quando o assunto é ocupação de espaços.
Mesmo quando derrotado em eleições majoritárias, Henrique Alves
sempre deu um jeito de ocupar cargos e fazer indicações. Foi assim na
administração da então prefeita de Natal Micarla de Souza. Foi assim na
administração da governadora Rosalba Ciarlini, quando fez parte de um
tal conselho político e em ambos os casos indicou amigos e partidários
ligados a ele para ocupar secretarias
Agora, Henrique está numa sinuca de bico. Quando líder do PMDB, em janeiro de 2008, Henrique chegou a entregar
ao então ministro de Articulação Institucional, José Múcio Monteiro, um
bambolê de presente destinado à então ministra Dilma Rousseff numa
sugestão irônica de que a ela faltava “jogo de cintura”.
Dilma não gostou nem um pouco da brincadeira. E a alguns
interlocutores, Dilma diria depois , já eleita presidente da República,
não gostar do então presidente da Câmara dos Deputados.
A roda girou.
Na campanha para governador, em 2014, Henrique montou uma super
coalizão de partidos. E flertou em público com a campanha do tucano
Aécio Neves. Eram tantos os partidos e aliados no seu palanque que sobravam
pedidos de votos para diferentes candidatos a presidente da República,
Aécio Neves, Eduardo Campos, Marina Silva e… a própria Dilma.
Derrotado nas eleições para governador, Henrique pendurado pelo
pincel politicamente, conseguiu fazer com o que Temer e Cunha o
indicassem, costurassem e bancassem sua nomeação que quase não sai para
ministro do Turismo. E lá foi ele trabalhar com a mulher a quem um dia
dera um bambolê de presente.
Agora, ambos precisam de muito jogo de cintura.
O PMDB está dividido quanto ao pedido de impeachment da presidente Dilma. O deputado Eduardo Cunha, que foi líder do PMDB quando Henrique se
tornou presidente da Câmara, está em processo de guerra aberta contra a
presidente. Michel Temer mandou uma carta pessoal em que só falta a palavra
rompimento, mas ficam evidentes os sentimentos de mágoa, além de
expressões como desprestígio e desconfiança.
E agora?
Com quem fica Henrique? Com Dilma? Ou com o PMDB dos seus eternos amigos Michel Temer, Eduardo Cunha e companhia? E agora Henrique? Vai de bambolê?