Por Josias de Souza - No mês em que completa 36 anos, o PT vive um drama. Com a imagem
estilhaçada, o partido já tinha perdido o recato, o discurso e o
monopólio das ruas. A três anos de 2018, começa a perder também as
esperanças de permanecer no poder federal depois de Dilma Rousseff.
Lula, derradeiro trunfo da legenda, caiu do pedestal. Tombou sozinho,
sem a ajuda da oposição.
Lula já foi imbatível. Em 2006, reelegeu-se nas pegadas do mensalão.
Em 2010, carregou Dilma, seu poste, nos ombros. Em 2014, a despeito do
estrago produzido pelos primeiros delatores da Lava Jato, Lula
reeletrificou Dilma com a ajuda da marquetagem anabolizada de João
Santana, que transformou a política em mais um ramo da publicidade.
Desde então, Lula definha.
O petrolão caiu no colo de Dilma, mas a plateia notou que o óleo
queimado que escorre da Petrobras teve origem na gestão de Lula.
Percebeu também que a competência gerencial de Dilma é uma fábula 100%
criada por Lula. Agora, o inferno imobiliário transformou Lula numa
caricatura do “guerreiro do povo brasileiro”.
É como se o grande líder assumisse o papel de pardal dele próprio,
esforçando-se para sujar a testa de sua estátua de bronze. Em litígio
com o personagem que criou, Lula admite que desistiu de incorporar o
triplex do Guarujá ao seu patrimônio depois que a revelação de que a OAS
despejou mais de R$ 800 mil numa reforma fizera do imóvel um escândalo.
Lula admite também que frequenta como se fosse dono o sítio de
Atibaia, um Éden reformado com esmero por um pool de empresas que inclui
a OAS e a Odebrecht, estrelas da Operação Lava Jato. “É a coisa mais
normal do mundo”, absolveu o amigo e ex-ministro petista Gilberto
Carvalho, adicionando uma pitada de insensatez ao escárnio.
Não há ilegalidade nos procedimentos, alega o petismo, sem se dar
conta de que o drama não é apenas jurídico. Dissemina-se entre os
brasileiros a sensação de que aquela conversa toda, aquele idealismo,
aquela vontade de servir à sociedade, aquela entrega altruísta ao bem
público, tudo aquilo era impulsionado pelo dinheiro. Lula virou um fardo
de si mesmo, eis o drama do aniversariante PT.