O programa do Governo Federal, Bolsa Família, está alterando a rotina de aldeias indígenas do Brasil. Quase metade da população indígena no Brasil participa do principal programa social do país. De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, só na Amazônia Legal, são 63.165 famílias, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social.
Implantado em terras indígenas sem nenhuma adaptação, o Bolsa vem provocando mudanças profundas no modo de vida tradicional. É que esses programas obrigam os beneficiários a se deslocar durante dias até a cidade para sacar o dinheiro no caixa eletrônico e realizar trâmites burocráticos.
No Xingu, por exemplo, essa viagem dura até 20 dias; no alto rio Negro (AM), o deslocamento chega a três meses. Em 2014, um ano após ingressar no programa Bolsa Família, a índia Leiru deixou sua aldeia e se mudou para Canarana (a 607 km a leste de Cuiabá). "Quando morava na aldeia, não precisava de dinheiro. Aqui, fico um pouco com dinheiro e acaba", disse Leiru.
O sustento é assegurado principalmente pelo filho adolescente, que trabalha numa borracharia –sua renda mensal do Bolsa Família é de R$ 300. "Há um esvaziamento das aldeias e uma mudança de hábito, de vida, inclusive afetando os mais velhos, porque isso também acontece na aposentadoria [rural]", disse o presidente interino da Funai, Artur Mendes.