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14 de dezembro de 2016

Mulher diz ter sido enganada na ‘Mandala’ e vai denunciar; Promotora diz que ‘choro é grátis’

Alguns promotores de Justiça se pronunciaram recentemente sobre a possibilidade da ‘Mandala’ ser uma pirâmide financeira, onde as pessoas podem ser prejudicadas financeiramente. O jogo, que ganhou as redes sociais nos últimos dias, é uma espécie de sistema, por meio de grupos no WhatsApp, que promete um ganho de ao menos R$ 800 mediante investimento de R$ 100. Mas, como em todo jogo há os vencedores e os perdedores, o sistema pode ter feito a primeira vítima.

Maria Lúcia, nome fictício de um personagem real, disse ter recebido o convite para entrar em um grupo e, depois de aceitar, foi adicionada em mais outros 15, com os mesmos administradores. Ela disse ter investido R$ 100 e o noivo R$ 100, porém, o grupo não rodou e eles ficaram no prejuízo. 

“Eu vi, ao menos, duas pessoas em todos esses grupos ganhando dinheiro fácil, enriquecendo e prejudicando os demais. Vários amigos meus também perderam dinheiro. É um enriquecimento ilícito. Tenho o comprovante de depósito e também vou registrar um boletim de ocorrência para denunciar esses administradores que só ganharam o dinheiro e desapareceram”, disse.
Promotora de Justiça diz que ‘choro é grátis’

A promotora de Justiça Alessandra Garcia Marques, que foi uma das promotoras que investigou a Telexfree, acusada de pirâmide financeira, usou as redes sociais para comentar sobre a ‘Mandala’. Na rede social, a promotora que se afastou das funções da Promotoria de Defesa do Consumidor para fazer novas especializações fora do Estado, ironizou os participantes dizendo que o “choro é grátis”. A promotora levantou a questão de as pessoas serem avisadas sobre o perigo que correm, mas, mesmo assim, decidem arriscar.

“Pirâmides financeiras hoje não têm vítimas, têm participantes. Entra quem quer, porque informações sobre as consequências não faltam, basta lembrar que, no final, o choro é grátis!”, diz a postagem. Ainda em sua página no Facebook, Marques explica que pirâmides financeiras podem ocorrer de várias formas, não sendo apenas ‘comercializando’ algum produto envolvido.

“Algumas pessoas estão indagando sobre pirâmides. Tenho duas coisas a dizer a esse respeito, a primeira é que as pessoas que se envolvem com isso não têm futuro, de modo que elas têm mesmo que arriscar, porque é o máximo que terão na vida. Segundo, pirâmide pode ou não ter empresa envolvida, pode ou não ter produto envolvido e pode utilizar a internet ou não, aliás, no passado, não se usava internet nem aplicativo. Querem saber uma coisa? Cada um faz na vida o que seus talentos e habilidades permitem, e tem gente que o máximo que vai poder contar sobre sua história de vida é que foi enrolado e golpista!”, postou.
Na ‘Mandala’, quando a pessoa entra no grupo, o dinheiro é depositado diretamente na conta bancária pessoal e cada participante é responsável por convidar novas pessoas. Não existem produtos sendo comercializados. O sistema é dividido em grupos – fogo, ar, terra e água. Quando a pessoa é convidada e decide entrar, deve investir R$ 100 e convidar mais duas pessoas para que também entrem e invistam. Depois de completar a quantidade necessária de participantes, recebe de cada um o valor também de R$ 100.

O promotor Marco Aurélio Ribeiro, que assumiu a Promotoria de Defesa do Consumidor no Acre, disse recentemente ao site ac24horas que o jogo é notadamente uma pirâmide. “Os elementos dela são todos característicos de pirâmide porque sequer existe qualquer trabalho para efeito de disfarce ou qualquer produto pra efeito de disfarce. É simplesmente entrar com dinheiro”, acrescenta Marco Aurélio. Ele também salientou que ainda não recebeu nenhuma denúncia e que, geralmente, as pessoas procuram fazer denúncias depois que o esquema já está desmontado.

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