Sebastian Vettel era apenas um moleque loiro de 4 anos crescendo numa cidadezinha alemã cheia de vinícolas quando Ayrton Senna, já aos 31, cravou seu tricampeonato em Suzuka, em outubro de 1991. De lá para cá, duas décadas. Neste domingo, chegou a vez do sujeito apressado que ocupa o cockpit da RBR e conduz o carro mais rápido da Fórmula 1. Na pista molhada de Interlagos, Vettel fez de tudo durante duas horas. Largou mal, trombou com Bruno Senna, rodou no meio do tráfego, caiu para 20º, deu sorte ao manter o carro quase intacto, pisou fundo para voltar à briga, tirou o pé para evitar acidentes, viu a chuva diminuir, viu a chuva apertar, viu até seu rádio falhar e, acima de tudo, controlou de longe a sua única ameaça. Fernando Alonso estava ali, ao alcance, no limite. O espanhol da Ferrari foi o segundo colocado no GP do Brasil, e o alemão chegou em sexto, certamente o sexto lugar mais feliz de seus 25 anos, quatro meses e 22 dias. Ao superar Ayrton como o tricampeão mais jovem da história da categoria, ele chorou ao cruzar a linha de chegada e escancarou o sorriso para festejar com os mecânicos. Mostrou que, por baixo do capacete, o espírito ainda é o mesmo daquele moleque de 4 anos.
Claro, a corrida em Interlagos teve um vencedor. Foi o inglês Jenson Button, da McLaren, que manteve boa vantagem para Alonso nas últimas voltas e evitou que Vettel perdesse o título - se o piloto da Ferrari tomasse a liderança, seria ele o tricampeão mais jovem da história. Quem completou o pódio foi Felipe Massa, que teve de ceder a passagem para Alonso na volta 62, mas ainda assim chorou muito no pódio, emocionado diante do público brasileiro. Mark Webber, da RBR, e Nico Hulkenberg, da Force India, vieram em seguida, à frente de Vettel. O alemão só respirou aliviado na penúltima passagem, com a entrada do safety car, que conduziu os carros em fila indiana até os últimos metros da prova.
Com os troféus de 2010, 2011 e 2012, Vettel se iguala ao compatriota Michael Schumacher e ao argentino Juan Manuel Fangio com três títulos em sequência. O alemão da RBR fecha o ano com apenas três pontos de vantagem para o rival espanhol, único que ainda era capaz de lhe tirar o tricampeonato. A equação, no entanto, era complicada. Com a segunda colocação, Alonso precisaria que Vettel chegasse em no máximo oitavo.