Uma votação popular internacional elegeu a Petrobras como o segundo
maior caso de corrupção do mundo. O nome da estatal aparece entre os
nove escândalos mais conhecidos. A informação foi divulgada nesta
quarta-feira (10) pela ONG Transparência Internacional.
Com 11.900 votos, a petroleira só fica atrás do ex-presidente ucraniano
Viktor Yanukovych, que recebeu 13.210 votos pelo suposto desvio
milionário de recursos para sua conta privada.
Pela votação, o escândalo na estatal supera outros sete casos de grande
repercussão. Entre eles, o da Fifa (1.844 votos) com 81 casos de lavagem
de dinheiro comprovados, e do ex-presidente do Panamá Ricardo
Martinelli (10.166), que teria desviado US$ 100 milhões do dinheiro
público.
A lista faz parte da campanha “Desmascare os Corruptos”, da ONG Transparência Internacional. A organização, que tem sede na Alemanha, faz relatórios anuais com índices de percepção de corrupção. No último boletim, o Brasil apareceu na posição 76, entre 168 países.
A campanha internacional começou em outubro de 2015. Ela recebeu
denúncias de cidadãos de vários países, preocupados com o desvio de
dinheiro público. Quase 400 casos foram citados. A votação pela internet
colocou a Petrobras ao lado de grandes escândalos como o da Fifa e do
ex-presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovych.
Alejandro Salas, representante da ONG, disse que nesta quarta-feira
começa uma nova fase da campanha, que vai cobrar sanções sociais e
políticas contra os envolvidos nos casos mais votados. A ONG já está pedindo em países da América Latina, onde empreiteiras
investigadas na Lava Jato também têm contratos, para apurar possíveis
irregularidades. Salas afirmou que a ONG quer evitar que outros
escândalos como o da Petrobras se repitam.
A ONG já assinou uma carta de apoio às 10 medidas de combate à
corrupção, apresentadas pelos procuradores do Ministério Público Federal
(MPF) no Brasil. Faltam menos de 200 mil assinaturas para alcançar a
meta de 1,5 milhão, número mínimo para que essa proposta de iniciativa
popular possa ser apresentada no Congresso Nacional.
“É muito relevante que uma entidade com uma transparência internacional,
uma das mais reconhecidas no mundo contra a corrupção apoie medidas
contra a corrupção como essa. Nós estamos fazendo o nosso melhor para
levar as pessoas que cometeram esses crimes à Justiça para responderem
perante a Justiça dentro de um devido processo legal, mas nós precisamos
mudar as leis se nós queremos efetivamente promover justiça nesse e em
outros casos”, afirmou Deltan Dallagnol, procurador da República que faz
parte da força-tarefa da Operação Lava Jato.
Casos de corrupção e de desvio de dinheiro na Petrobras são investigados
pela Operação Lava Jato desde março de 2014. Dezenas de pessoas já
foram condenadas por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro, e
várias ações penais seguem em andamento na Justiça Federal do Paraná,
que tem o juiz Sérgio Morox como o responsável pelos processos na
primeira instância.