A pesquisa apontou aumento na parcela de famílias que se consideram “muito endividadas”, que passou de 15,5% para 15,9%. Apesar disso, os indicadores de inadimplência se mantiveram estáveis: 29,5% dos lares seguem com contas em atraso e 12,5% afirmam que não terão condições de quitar os débitos, os mesmos números registrados no mês anterior.
O comprometimento com prazos superiores a um ano caiu pelo sexto mês consecutivo, atingindo 32,2%, o menor nível desde março de 2023. A maior concentração de dívidas está agora em prazos de até seis meses, o que indica uma preferência por compromissos mais curtos.
A inadimplência também apresentou sinais de melhora. A proporção de famílias com contas vencidas há mais de 90 dias recuou para 47,3%, reduzindo o tempo médio das dívidas em atraso para 64,1 dias. No mês anterior, a média era de 64,3 dias.
O comprometimento da renda com o pagamento de dívidas também caiu: 19,2% das famílias destinam mais da metade da renda para esse fim. A média do orçamento familiar comprometido com dívidas foi de 29,6%, uma redução de 0,2 ponto percentual em relação a maio.
Cartão de crédito é a principal causa de endividamento
Entre as modalidades de crédito, o cartão de crédito permanece como a principal forma de endividamento, utilizado por 83,8% das famílias, apesar da queda de 2,5 pontos percentuais em relação a junho de 2024.
Os carnês ganharam espaço, passando a representar 17% do total de dívidas, um avanço de 1 ponto percentual em um ano. O crédito pessoal também cresceu 0,6 ponto percentual no mesmo intervalo, embora ambas as modalidades tenham registrado leve queda em relação ao mês anterior.
A elevação do endividamento foi puxada pelas famílias com renda entre três e cinco salários mínimos, cujo índice subiu de 80,3% para 80,9% em um mês. Neste grupo, a inadimplência também aumentou 0,5 ponto percentual. Já entre as famílias com renda entre cinco e dez salários mínimos, houve leve queda no endividamento (78,7%), mas as contas em atraso cresceram 0,1 ponto percentual, alcançando 22,9%.
O economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, projeta que o avanço do endividamento deve continuar nos próximos meses. Ele alerta que a tendência é de crescimento até o fim do ano, com possibilidade de aumento de até 2,5 pontos percentuais no número de famílias endividadas e 0,7 ponto percentual na inadimplência.