O ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano 
Silveira, pediu demissão na noite desta segunda-feira. Após um convite 
para ficar na pasta, ele telefonou para o presidente interino Michel 
Temer (PMDB) e comunicou sua decisão de deixar o cargo. Depois de Romero
 Jucá (PMDB-RR), ex-Planejamento, ele é o segundo ministro a cair no 
governo interino do presidente Michel Temer (PMDB) com a revelação de 
gravações do ex-diretor da Transpetro Sergio Machado, alvo da Operação 
Lava Jato, que fechou acordo de delação premiada.
Temer não vai se pronunciar nesta segunda. Ele ainda não decidiu quem substituirá o ministro demissionário. Fabiano Silveira havia conversado mais cedo com presidente interino. 
Temer pediu que ele se decidisse e então fizesse um comunicado à 
imprensa, a exemplo do que combinou com Jucá. Silveira sofreu forte pressão dos servidores do órgão. Ao longo do 
dia, os chefes das 26 Controladorias Regionais da União anunciaram que 
estavam colocando os cargos à disposição, assim como uma série de 
servidores que ocupavam funções de confiança.
A revelação de diálogos entre Silveira, Sergio Machado e o presidente
 do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também alvo da Lava Jato e seu 
padrinho político, acabaram com a credibilidade de Silveira. O sindicato dos servidores da Controladoria-Geral da União (CGU), 
órgão que deu origem ao ministério, passou a criticar a ingerência 
política e promoveu protestos na frente do Palácio do Planalto e na sede
 do ministério em Brasília. "O Sr. Fabiano não preenche os requisitos de
 conduta para estar à frente de um órgão que zela pela transparência 
pública e pelo combate à corrupção", disse a Unacon Sindical.
Em nota, a representação da Transparência Internacional no Brasil 
rompeu relações com o governo brasileiro e cobrou a demissão do ministro
 e pediu a investigação do governo sobre os indícios de que Silveira 
aconselhou alvos da Lava Jato sobre como se defender das apurações. "O 
governo deve garantir que quaisquer membros do ministério envolvidos em 
corrupção ou trabalhando contra o curso das investigações sejam 
exonerados", diz a nota. "Não deve haver impunidade para os corruptos e 
nem acordos a portas fechadas. É decepcionante que o ministro 
encarregado da transparência esteja agora sob suspeita, como parte de 
uma operação abafa.", disse, na nota, Alejandro Salas, Diretor para as 
Américas da Transparência Internacional.