Por vinte e seis anos, ele divertiu o público como Nerso da Capitinga
nos humorísticos “Zorra total” e “Escolinha do Professor Raimundo”. O
quadro de sucesso da Globo chegou ao fim em 2012, e Pedro Bismarck
voltou de vez para sua terra natal, onde vive num sítio em Piau, cidade
de três mil habitantes no interior de Minas Gerais, a cerca de 30
quilômetros da capital.
No refúgio do artista de 54 anos a tecnologia ainda é precária, a
internet limitada e telefone não pega. Uma vida de paz e sossego para um
viúvo que perdeu recentemente a mulher, Maria José, falecida no última
dia 18 de maio em decorrência de um infarte fulminante. “Acho que superar a perda de alguém que se torna um só, contigo, é
impossível. Você nunca mais se torna o mesmo. Foram 33 anos de um
casamento cheio de cumplicidade e muito feliz”, lamenta ele que, apesar
da dor, e como bom palhaço que é, não esquece nunca da sua missão na
Terra:
“Recebi um dom de Deus, que foi o de trazer alegria para a vida das pessoas. E isso, consequentemente, me fez enxergar tudo com outros olhos. Não vou dizer que é fácil, mas estou seguindo com a minha missão, com a certeza de que ela (Maria) gostaria muito de que eu fizesse exatamente isso”.
“Recebi um dom de Deus, que foi o de trazer alegria para a vida das pessoas. E isso, consequentemente, me fez enxergar tudo com outros olhos. Não vou dizer que é fácil, mas estou seguindo com a minha missão, com a certeza de que ela (Maria) gostaria muito de que eu fizesse exatamente isso”.
E ele não para. O humorista viaja o país com a peça “Nerso em 3D, 30
anos de riso”, um show comemorativo pelas três décadas do personagem que
ganhou o Brasil. “Em média, fazemos 15 shows por mês”, conta. Apesar de
viver recluso, ele mantém um escritório na capital mineira para cuidar
dos negócios. Trocar a natureza pela cidade grande? Nem pensar!
“Sabe aquela coisa que todos dizem buscar a vida toda? Aquela ‘tal
felicidade’? Foi lá onde eu a encontrei. É tudo o que eu pedi a Deus. Eu
pesco, cuido da terra, plantas, bichos, leio, reúno a família (os três
filhos, já adultos, e os quatro netos), tudo com a calmaria do campo.
Quando volto à TV? Não posso dizer ao certo, mas, quem sabe um dia?”.