A economia 
brasileira deve fechar 2016 com o segundo pior desempenho do mundo, 
segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI). A estimativa é que
 o PIB do país "encolha" 3,5% este ano – 
resultado melhor apenas que a contração de 6% esperada para a Venezuela. O levantamento considera os 188 países com dados disponíveis no FMI, e 
foi feito pelo G1 com base no relatório Perspectivas para a Economia 
Global, de outubro, e na atualização do mesmo, divulgada em janeiro.
Além de Brasil e Venezuela, apenas outros seis devem ver suas economias 
ficarem menores este ano: Bielorrússia (-2,2%), Grécia (-1,3%), Rússia 
(-1%), Guiné Equatorial (-0,8%), Argentina (-0,7%) e Serra Leoa (-0,7%).
O economista Paulo Figueiredo, diretor de Operações da FN Capital, 
concorda com a previsão do FMI, e afirma que o resultado previsto para o
 PIB de 2016 “nada mais é que reflexo de uma política econômica que 
resultou num desastre”.
“Isso vem se arrastando há alguns anos e culminou nessas taxas que de 
alguma maneira são até vergonhosas para um país do tamanho do Brasil e 
com a capacidade que o Brasil teria para crescer, de ser muito mais 
produtivo e estar muito melhor nesses rankings internacionais.”
Para o especialista, um dos pontos principais da economia brasileira 
atualmente “é o ajuste fiscal que nunca foi cumprido”, com o governo 
gastando mais do que arrecada. “E a ‘solução’ do governo é criar mais 
impostos, estrangulando mais ainda os setores produtivos e a população 
como um todo.”
Para Pedro Paulo Silveira, economista chefe da corretora Nova Futura, a 
queda esperada para 2016 é reflexo do resultado do ano anterior. “O FMI 
está acertando, e a principal causa da queda muito violenta do brasil em
 2016 é o efeito da queda de 2015”, diz.
“O PIB de 2016 vem com uma gravidez de um número muito negativo herdado 
do ano de 2015. Isso é efeito da metodologia de cálculo, e apenas isso”,
 afirma o especialista, acrescentando que “as variações marginais 
trimestre a trimestre vão ser melhores em 2016, mas o número vai ser 
bastante negativo no acumulado do ano”.
Já o economista Gesner Oliveira, da Go Associados, discorda da previsão 
do FMI e diz que a retração do PIB em 2016 deve ser menor que a prevista
 pelo órgão: 3%, e não 3,5%. “A nossa previsão é um pouco melhor que a 
da entidade pela primeira vez na minha vida profissional”, afirma.
“Acho que o FMI pode ter exagerado marginalmente em suas projeções 
porque vejo algumas chances de aspectos positivos associados ao ajuste 
do setor externo, que tem sido rápido. O resultado da balança comercial é
 impressionante. Alguns segmentos industriais estão tendo oportunidade 
de crescimento, como a indústria petroquímica, que está substituindo 
importações, mais voltada para o mercado interno.”
Oliveira também aponta que mudanças nas relações comerciais entre Brasil
 e Argentina podem “atenuar a queda” da economia. “A Argentina tinha uma
 política comercial muito restritiva com as nossas exportações, em 
particular de automóvel. O novo governo atenuou um pouco”, diz. “Há uma 
tendência de reabrir o mercado argentino para exportações industriais 
brasileiras, isso é positivo, afeta diretamente a indústria.”
Já entre os maiores crescimentos esperados pelo FMI para este ano, nada 
de China: o Iêmen deve liderar, com alta estimada de 11,6% no PIB, 
seguido por Turcomenistão (8,9%), Butão (8,4%) e Mianmar (8,4%). Já o 
gigante asiático deve crescer "apenas" 6,3%. A economia mundial, como um
 todo, deve crescer 3,6%.

