Legalizadas há 18 anos, as rádios comunitárias são cada vez mais
usadas como instrumentos de política eleitoral, num processo que vem
sendo chamado de novo coronelismo eletrônico. Ligadas a entidades que
quase sempre têm um político municipalista por trás, as rádios comunitárias são concedidas depois que os políticos
federais desempenham o papel de despachantes de luxo no Ministério das
Comunicações.
Alegando que precisam agir para vencer a intrincada burocracia de
Brasília, senadores e deputados pressionaram para agilizar a tramitação do
processo de autorização das rádios comunitárias e ganharam status de seus
padrinhos políticos. É desse jeito que passaram a integrar uma teia de
captura de votos. A estimativa é de que cerca de 50% das rádios
comunitárias, que hoje funcionam legalmente no País, tenham contado com
as bênçãos de padrinhos políticos.