O Rio Grande do Norte é um estado de estupradores e de vítimas acuadas. A conclusão bárbara consta do Atlas da Violência 2018, divulgado pelo IPEA. O estudo traz neste ano números mais avançados sobre as notificações desse crime sexual e estarrece ao colocar em número quantitativo – não estou falando de relatividade – o Estado como o primeiro no topo de um ranking elaborado a partir de notificações em hospitais.
Dos 22.918 estupros registrados hospitais afora no Brasil, 4.088 foram no Rio Grande do Norte, o que corresponde a 18% de todas as notificações do País. Mais sete estados registraram números acima de um mil: Amapá (1.082), Bahia (1.511), Minas Gerais (1.168), Pernambuco (2.100), Rio de Janeiro (1.588), Rio Grande do Sul (1.928) e Roraima (1.460).
Os números são de 2016. O Atlas da Violência chama a atenção para uma coisa:
Não obstante a base de registros administrativos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde (Sinan/MS) contemplar, potencialmente, uma menor parte dos casos de estupro que ocorrem, trata-se de uma fonte de dados muito rica, posto que pode ser acompanhada temporalmente e embute informações não apenas das vítimas, mas de sua relação com perpetradores e outras características situacionais.
Em outra tabela, com números adquiridos a partir de notificações policiais, o RN aparece como um dos últimos estados do país, com apenas 206 estupros, o que revela a preferência das vítimas em preferir não denunciar os estupradores e apenas procurar ajuda para curar seus traumas.