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22 de fevereiro de 2024

Sob Lula, Terra Yanomami teve 363 mortes em 2023 contra 343 em 2022


O número de yanomamis mortos no 1º ano (2023) da administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi de 363, segundo dados obtidos pelo Poder360 via LAI (Lei de Acesso à Informação). É uma alta de 5,8% sobre os 343 mortos no ano anterior, 2022, quando comandava o país Jair Bolsonaro (PL).

De acordo com a Sesai (Secretaria de Saúde Indígena), órgão vinculado ao Ministério da Saúde, os dados de 2023 são “preliminares” e estão sendo “investigados criteriosamente”. Afirma também que números de 2022 e dos anos anteriores estariam “subnotificados”. Culpou o “abandono” do governo Bolsonaro. Cerca de 30.000 yanomamis vivem em uma reserva de 96.000 km2 demarcada nos Estados de Roraima e Amazonas. É uma área maior que o território de Portugal (92.000 km2 para 10,6 milhões de habitantes).

Os indígenas têm sido expostos ao contato com garimpeiros e madeireiros que atuam ilegalmente na região. Há também casos crônicos de desnutrição e doenças. Os yanomamis têm dificuldade para desenvolver culturas de subsistência como plantio de alimentos e pesca. São dependentes de ajuda federal.


Lula assumiu o Palácio do Planalto em 2023 e fez grande divulgação sobre sua proposta de estancar a mortandade de yanomamis. Ele chegou a viajar para a Terra Yanomami em 21 de janeiro do ano passado. A administração federal tem o Ministério dos Povos Indígenas, comandado por Sonia Guajajara (Psol). Apesar dos anúncios do Planalto dando prioridade para o tema, o total de mortes de yanomamis aumentou em 2023.


O Poder360 entrou em contato com o Ministério da Saúde e com o Ministério dos Povos Indígenas para perguntar se gostariam de se manifestar a respeito do aumento de mortes entre yanomamis em 2023. Eis o que disseram:

Ministério da Saúde – afirmou em vídeo enviado ao Poder360 que os dados de 2023 são preliminares e que os de 2022 e dos anos anteriores estariam subnotificados (leia a íntegra da resposta mais abaixo);

Ministério dos Povos Indígenas – não enviou uma resposta até a publicação desta reportagem; o espaço segue aberto.

Guajajara se exime de responsabilidade. Em janeiro de 2024, o partido da ministra, o Psol, divulgou resolução em que culpa a “negligência” do Ministério da Defesa pela situação na Terra Yanomami e que o problema é o garimpo ilegal, e não mais a fome.

Procurada à época, a Defesa havia informado que não iria comentar.

Dias antes da resolução do Psol, Guajajara havia dito que o governo Lula tinha subestimado a dimensão da situação e que dificilmente será resolvida em 2024. Também culpou a gestão Bolsonaro: “Provavelmente não se resolverá em 2024, considerando a situação complexa que temos. Pegamos o território nessa situação. Achamos que era só uma crise sanitária, mas tinha toda essa questão do garimpo impregnado”.

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