Mais de dois mil agricultores de todo o Rio Grande do Norte saíram em
caminhada na manhã desta quarta-feira (11) da Central de Abastecimento
da Agricultura Familiar até o Centro Administrativo, onde foram
recebidos pelo governador Robinson Faria. Em seguida, os agricultores
seguiram a caminhada com destino ao centro da cidade para realizar um
protesto em frente a agência da Caixa Econômica Federal (CEF), como
forma de pressionar o banco no processo de celeridade em relação ao
Minha Casa Minha Vida Rural. A manifestação de hoje marcou o início da
11ª Jornada Estadual de Luta da Agricultura Familiar do Rio Grande do
Norte, organizada pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura
Familiar (Fetraf-RN).
O coordenador estadual da Federação dos Trabalhadores na Agricultura
Familiar (Fetraf-RN), João Cabral, explicou que a mobilização de hoje
faz parte da jornada de luta da agricultura familiar que acontece todos
os anos. “Hoje começamos a nossa caminhada e o processo de negociação
com o Governo do Estado e com a Caixa Econômica Federal”, explica.
Entre as pautas de reivindicações da categoria, está, primeiramente, o
funcionamento da Central de Abastecimento da Agricultura Familiar, que
foi inaugurada há cinco anos, mas nunca funcionou para que os
agricultores pudessem comercializar os seus produtos.
“Queremos o funcionamento da Central de Comercialização para que os
agricultores possam reagir diante desse momento de escassez. Essa
Central foi inaugurada, sem conclusão. Lá dentro, só tem o prédio,
faltam as câmeras frias, dentre outras. Foi uma Central que foi criada
para melhorar a vida do agricultor, mas não saiu do papel. Precisamos
dela funcionando para que possamos escoar a produção dos agricultores”,
afirma João Cabral.
Além disso, o movimento pede que o Governo do Estado viabilize
assistência técnica para os mais de 500 projetos agroecológicos que
existem atualmente no Rio Grande do Norte. “Queremos também a
recuperação e instalação imediata de 550 poços tubulares já perfurados,
além disso, temos 300 poços para ser perfurados em 57 municípios”,
pontua João Cabral. A Federação também cobra a construção de novos
açudes e barreiros de pequeno e médio porte, além da limpeza e reforma
dos já existentes, em parcerias com as Prefeituras. “Queremos que o
Governo viabilize e disponibilize recursos para que possamos construir
duas mil tecnologias de captação de água, como cisterna calçadão e
barragem subterrânea”.
“A nossa pauta tem uma série de pontos, mas a questão hídrica é a
mais séria, é a principal, pois hoje estamos com uma redução de
aproximadamente 60% no rebanho bovino em função da seca dos últimos
quatro anos. A nossa grande batalha é que tenhamos um grupo de trabalho
oficial, envolvendo as secretarias da área mais as instituições do
Estado que discutam permanente a questão do semiárido, tentando integrar
as várias políticas públicas para a agricultura familiar”, destaca João
Cabral, coordenador da Fetraf-RN.
João Cabral disse que os agricultores estão preocupados com o risco
de o inverno deste ano ser irregular, assim como vem acontecendo nos
últimos anos. “Isso pode dificultar ainda mais a nossa convivência com o
semiárido, pois já estamos com escassez de água para animais, consumo
humano e produção. Não podemos apenas esperar pelo âmbito nacional,
precisamos avançar essa discussão a nível estadual também”, considera o
coordenador da Fetraf-RN.
Fonte: Jornal de Hoje