Os parlamentares querem elevar a 
partir de janeiro seus próprios salários, além dos vencimentos da 
presidente Dilma Rousseff, do seu vice, Michel Temer, e dos 39 
ministros. A previsão é de reajuste de 26.723 reais para 33.769 reais. O
 aumento tem como base o acumulado dos últimos quatro anos do índice 
oficial de inflação (IPCA), que segundo os técnicos é de 26,33%.
Os 
congressistas, além dos salários, têm direito a apartamento funcional ou
 auxílio-moradia de 3.800 reais e verba indenizatória de até 41.000 
reais para deputados e 44.200 reais para senadores. O mais recente 
aumento dado aos congressistas e aos integrantes do Executivo federal 
ocorreu em dezembro de 2010.
O presidente 
da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), admite a elaboração do 
projeto. "Tem que ter o aumento. Em toda a legislatura que se encerra, 
você tem que aprovar o aumento para o próximo ano. Isso é 
constitucional. O último aumento foi há quatro anos."
O artigo da 
Constituição citado por Alves é o 49, que trata das competências do 
Congresso. O texto prevê a fixação de subsídios idênticos para deputados
 federais, senadores, presidente e vice-presidente da República. No 
entanto, não há obrigatoriedade de se fazer reajustes no fim de cada 
legislatura.
Efeitos – Um
 novo projeto de decreto legislativo com a previsão do reajuste deve ser
 colocado em pauta nos próximos dias. Se aprovado, poderá ter efeito 
cascata nos Legislativos de todo o país, uma vez que a Constituição 
prevê que os deputados estaduais podem receber até 75% do recebido pelos
 federais.
"Estou apenas
 esperando a costura com o Executivo e com o Judiciário para fazer em 
conjunto a votação. Quero fazer uma coisa combinada", disse Alves. Além 
da Câmara, a proposta precisa passar pelo Senado. A pressa dos 
congressistas se deve ao fato de que o reajuste precisa ser inserido no 
projeto de Lei Orçamentária de 2015, que deverá ser votado antes do 
recesso, marcado para 22 de dezembro.
O impacto 
estimado aos cofres públicos só com o aumento para os deputados é de 82 
milhões de reais em 2015. Nos dois anos subsequentes, o valor é de 78 
milhões de reais. A diferença ocorre porque os 513 deputados federais 
têm direito no primeiro ano ao chamado 14º e 15º salários, usados como 
"benefício" para a mudança para a capital federal.
Para 
concretizar o aumento, os parlamentares terão antes de aprovar um 
aumento para os ministros do Supremo Tribunal Federal, valor que define o
 teto constitucional dos salários dos servidores, hoje fixado em 29.400 
reais. Um projeto do Judiciário em tramitação prevê elevação para 35.900
 reais.


