Comovidos com a história de um homem que havia sido preso em Santa Maria (DF)
por furtar carne de um supermercado, policiais civis da 20ª Delegacia
de Polícia (Gama Oeste) resolveram pagar a fiança e comprar alimentos e
produtos de higiene pessoal para ele e sua família.
Desempregado há três meses, o eletricista Mário Ferreira Lima, 47, que
mora com o filho de 12 anos, tentou furtar 2 quilos de carne por volta
das 16h de quarta-feira (13) em um supermercado, quando foi preso em
flagrante. Segundo Lima, sua única renda atual são os R$ 70 mensais que recebe do
programa Bolsa Família. O recurso ainda não tinha sido depositado na
conta dele e, segundo seu relato, só havia R$ 20 dentro da carteira.
"Coloquei as carnes dentro da bolsa e passei no caixa queijo, mortadela
e pães, porém, funcionários do local perceberam e chamaram a polícia.
Fiz isso em um momento de desespero. Estava havia dois dias sem comer",
conta.
Segundo o policial Ricardo Machado, ao chegar à delegacia, o
eletricista passou mal e desmaiou. "Ele contou que há um ano a mulher
foi atropelada e passou oito meses no hospital. Por ter de cuidar dela
diariamente, acabou perdendo o emprego. Quando ela se recuperou, foi
morar com um filho de outro relacionamento, pois Lima não tinha dinheiro
para os cuidados necessários de que ela precisava."
O policial contou que a todo o momento Lima se desesperava por conta do
filho, que estava sozinho em casa. A preocupação emocionou uma agente,
que pagou a fiança de R$ 270. "Fizemos também uma vaquinha de R$ 300 com
quase todos os policiais." A agente Kelen Cristina disse que, para ter certeza de que a história
era verídica, os policiais foram até a casa de Lima e constataram que a
situação era de extrema pobreza.
"Não havia nada na geladeira nem produtos de higiene pessoal, como pasta de dente e sabonete. Também não havia gás", afirmou. Os policiais levaram Lima ontem mesmo para um supermercado e pediram
para que ele escolhesse os mantimentos. "Ele chorou demais e agradecia a
toda hora. Não queria nada caro. Percebemos de longe a humildade dele",
disse Machado.
Apesar da boa vontade dos agentes, Lima pode ser condenado, já que foi
preso em flagrante. A pena pode ser de um a quatro anos de prisão em
regime fechado.