O estudo que está sendo realizado tenta fazer com que esse crédito de exportação funcione dentro das restrições que existem atualmente nos balanços de pagamentos na Argentina. O presidente Lula vai se encontrar nesta terça-feira (2) com o presidente argentino, Alberto Fernández, em Brasília. Fernández ainda terá uma reunião com o Ministério da Fazenda.
“Essas linhas de exportação pagam diretamente as empresas brasileiras, e o risco da situação é ser menos um risco tradicional de financiamento, que é quando você financia uma empresa e não sabe se a empresa vai conseguir vender ou não, porque a demanda dos produtos existe. O problema que existe é a conversibilidade da moeda.”
“Ou seja, ele vai vender em pesos na Argentina. Quando ele pegar esse financiamento do lado de cá, o que vai acontecer é que tem problema de conversibilidade. Será que o volume de pesos, ao converter para real, vai ser suficiente para cobrir a dívida?”, explica Galípolo
Nos últimos cinco anos, de acordo com Galípolo, por ausência de mecanismos do Brasil de financiamento das exportações brasileiras e importações argentinas, o país perdeu cerca de US$ 6 bilhões em espaço no comércio para a China, que ele afirma que vem viabilizando mecanismos de financiamento em alternativas de meios de pagamento.
O problema, segundo o secretário, é resolver isso em um comércio que usa uma moeda de um terceiro país que não participa desse comércio, que é o dólar.
‘Banco dos Brics‘
O secretário aponta que, por tanto Brasil e China serem os principais parceiros comerciais da Argentina, pode ser que haja um auxílio vindo por parte do New Development Bank, o “Banco dos Brics”, presidido pela ex-presidente Dilma Rousseff.
” A governança envolve cinco países. Como Brasil e China são os principais parceiros comerciais da Argentina, vai existir bastante interesse para que os dois discutam ali. A discussão são as restrições que a Argentina sofre de acesso a meio de pagamento que tenha aceitação no comércio internacional. Daí, a dificuldade de criar soluções que possam envolver moedas domésticas.”
Galípolo não confirmou se o “Banco dos Brics” vai ser envolvido, mas disse que há conversas do Brasil com “todos os bancos multilaterais sobre a questão da Argentina”. “A questão de ter ou não a ajuda do Banco dos Brics é porque tem um segundo país interessado em ajudar a Argentina, que é a China, que tem musculatura para que algo seja feito. Ter um parceiro como a China neste diálogo é muito relevante.”