A ausência de alguns caciques partidários, como o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, e a relutância dos presentes em endossar imediatamente o nome sinalizaram uma recepção fria, com dirigentes optando por consultar suas bases antes de qualquer compromisso.
Menos de 48 horas após o anúncio da candidatura, o próprio senador admitiu publicamente a possibilidade de desistir, elogiando o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como uma alternativa viável, em meio a uma pesquisa desfavorável que reforçou as dúvidas do bloco de centrão/extrema direita sobre seu potencial eleitoral.
Pesquisas recentes, como o Datafolha divulgado na quinta-feira (4), mostram Flávio com o pior desempenho entre nomes da direita em um hipotético segundo turno contra o presidente Lula (PT), ficando 15 pontos atrás, um resultado inferior ao do pai na eleição de 2022, e particularmente fraco nas regiões Norte e Nordeste, onde a rejeição ao bolsonarismo pesa demais.
Sua taxa de rejeição supera a de governadores da direita, como Tarcísio e Romeu Zema (Novo), o que, na visão de analistas, agravaria uma imagem já associada à do ex-presidente, que é rejeitada por mais de 50% do eleitorado, e ainda por cima sem o carisma que, mesmo controverso, marcou Jair Bolsonaro em campanhas anteriores.
Além disso, o nome de Flávio é visto como fraco e pouco cativante, facilitando uma desconstrução midiática que inevitavelmente resgataria escândalos como o esquema de "rachadinhas" em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), revelado em 2018 por um relatório do Coaf com movimentações atípicas de R$ 1,2 milhão envolvendo o ex-assessor Fabrício Queiroz. O caso, que levou a investigações sobre desvio de salários de funcionários fantasmas, permanece como um ponto vulnerável, especialmente em um contexto de polarização onde opositores poderiam explorá-lo para minar sua credibilidade.
Embora o PL, partido da família Bolsonaro, e aliados mais fiéis tenham sinalizado um apoio inicial, descrito por interlocutores como "forçado" após o anúncio, a leitura predominante no centrão é de que a empreitada deve ser abandonada para evitar um desastre em outubro de 2026. O bloco, que controla o Congresso e busca uma candidatura competitiva contra Lula, mantém preferência clara por Tarcísio de Freitas, visto como um nome com mais apelo “moderado” e potencial de crescimento entre eleitores indecisos e no Sudeste, diferentemente de Flávio, cuja herança do sobrenome não compensa as limitações em carisma e bagagem política.
A resistência do centrão, que ameaça esvaziar a candidatura e tratá-la como uma "cortina de fumaça" para pressionar por pautas como a anistia ao ex-presidente, reforça que o entorno de Tarcísio observa o episódio com ceticismo, priorizando uma estratégia que una a direita sem os riscos de uma figura tão exposta a controvérsias.

