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19 de março de 2019

Empresa atrasa entrega de alimentos e prejudica refeições em hospitais do RN

Servidores estaduais da saúde denunciam que tem faltado alimentação para acompanhantes de pacientes e funcionários de pelo menos três hospitais da Região Metropolitana de Natal: o Monsenhor Walfredo Gurgel e o João Machado, na capital, e o Antônio Ferraz, em Macaíba.

Segundo o sindicato da categoria (Sindsaúde), a situação persiste desde quarta-feira da semana passada, dia 13. De acordo com o enfermeiro Manoel Egídio Júnior, conselheiro do Sindsaúde, o Governo do Estado tem submetido os servidores da área a uma “dieta forçada”.

Nesta terça-feira, 19, um grupo de sindicalistas fez um protesto em frente ao prédio da Secretaria de Saúde Pública (Sesap) para exigir melhores condições de trabalho com, pelo menos, a regularização da alimentação.

Os servidores da saúde estão em greve desde o dia 5 de fevereiro. A categoria reivindica, além de melhores condições de trabalho, o pagamento dos salários que estão em atraso. O Estado ainda não pagou a folha de dezembro e o 13º salário de 2018 para nenhum servidor, e parte do funcionalismo também não recebeu a folha de novembro e o 13º de 2017.

O funcionalismo denuncia também práticas que classifica como assédio moral. De acordo com Egídio Júnior, as administrações dos hospitais estaduais estão ameaçando cortar o ponto de grevistas, apesar de a categoria estar respeitando, segundo ele, a determinação da Justiça para que pelo menos 70% dos servidores trabalhem.

“Há ameaças de colocar falta nos servidores e estão usando cálculos diferentes para contar quantos servidores estão trabalhando. Não estão aceitando [que um grupo de servidores adira à greve]”, afirmou Egídio Júnior, que ainda ironizou a falta de alimentação nos hospitais: “E, além disso, o governo está se preocupando com a nossa saúde, nos impondo uma dieta forçada”.

O Hospital Walfredo Gurgel confirmou ao Agora RN que faltaram alguns “gêneros alimentícios” na segunda-feira, 18. A direção da unidade disse que, quando suspende a alimentação de funcionários e acompanhantes, é porque prioriza as refeições dos pacientes. A situação, porém, segundo a administração do hospital, foi normalizada nesta terça-feira, 19, com a chegada de verduras e frango – que foram servidos ao longo do dia. O estoque deve ser suficiente para os próximos dias.

A Sesap explicou que faltou comida nos hospitais nos últimos dias porque um dos fornecedores contratados pela secretaria não fez a entrega dos alimentos. A empresa – cujo nome não foi revelado – contesta o trâmite de uma licitação de 2017 e, por causa disso, tem dificultado a prestação do serviço para o Estado.

A Secretaria Estadual de Saúde registrou, ainda, que uma nova licitação para aquisição de alimentos para os hospitais da Grande Natal deve ser homologada em cerca de dez dias. O pregão aconteceu no dia 8 de fevereiro e, desde então, os procedimentos estão sendo finalizados para que haja a homologação. Os contratos com as empresas vencedoras serão válidos até o fim deste ano.

O coordenador administrativo da Sesap, Luiz Carlos, acrescentou que o novo governo estadual tem planejado a uniformização dos almoxarifados dos hospitais. A intenção, segundo ele, é evitar que faltem alimentos em determinadas unidades enquanto sobrem em outras.

Reunião com Governadora
Os servidores, que estão em greve há 43 dias, conseguiram uma reunião com a governadora Fátima Bezerra para a próxima quinta-feira, 21, às 18h. Representantes do Sindsaúde vão cobrar dela, além da regularização dos salários, outras pautas definidas pela categoria em assembleia quando da deflagração da greve – como o pagamento de adicionais por insalubridade.

A categoria volta a se reunir na segunda-feira, 25, quando será a votada a continuidade da greve.

O Governo do Estado alega falta de recursos para quitar os salários atrasados. A gestão Fátima Bezerra diz que aguarda o recebimento de receitas extraordinárias para pagar o passivo herdado da gestão anterior. Uma das iniciativas neste sentido é a antecipação de royalties da produção mineral, em operação na qual o Estado espera recolher pelo menos R$ 315 milhões.

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