O anúncio virou espetáculo. Setores da imprensa transformaram promessa em certeza, discurso em dado concreto e intenção em manchete. Foi uma avalanche de elogios, como se o dinheiro já estivesse circulando, gerando empregos e mudando a vida das pessoas. Não estava. Nunca esteve. A máquina governista vendeu sonho, aplaudida por uma imprensa dócil, sempre pronta para transformar promessa em manchete e papel assinado em “obra histórica”. Quem ousou questionar foi tratado como inimigo. Mas o tempo, implacável, tratou de desmentir o teatro.
O tempo passou e a conta não fechou. Nem de longe. Se o estado tivesse recebido algo em torno de R$ 8 bilhões efetivos, já seria um feito extraordinário. Mas a realidade foi bem mais modesta — quase constrangedora. Os investimentos reais mal arranham a casa dos bilhões. O restante ficou restrito a protocolos, anúncios futuros, convênios sem execução e apresentações de PowerPoint tratadas como grandes obras.
Não surgiram canteiros, não houve impacto econômico relevante, não se viu desenvolvimento. O que prosperou foi a encenação: fotos, discursos e narrativas cuidadosamente embaladas para consumo político. No Rio Grande do Norte, institucionalizou-se a fantasia como política pública. Prometeu-se e mentiu-se demais, cobrou-se de menos e aplaudiu-se tudo. Sobrou propaganda, faltou vergonha e verdade. E, mais uma vez, quem paga a conta é o cidadão.

