No lugar da coroa, ele usava um chapéu de couro. Nas mãos, o cetro dava
lugar à sanfona. Muito popular entre os milhões de súditos, Luiz Gonzaga
era um monarca diferente, o rei do baião. Ele nasceu em uma sexta-feira
13, mas o mau agouro passaria hoje 02 de agosto. A paixão pela música surgiu vendo o
pai tocar em casa e festas da região. Ele não amou só o acordeon, também se apaixonou pela filha de um
fazendeiro, que não aceitou a união e ameaçou o rapaz de morte. Gonzaga
fugiu de casa e foi para o Ceará, onde entrou no exército.
Trocou a
sanfona pela corneta na vida militar, ficando conhecido como ‘Bico de
aço’. Depois de dez anos de quartel, pediu baixa no Rio de Janeiro. Quando decidiu fazer a carreira musical, começou a tocar em bares,
festas e nas ruas. Uma apresentação no programa de rádio de Ary Barroso,
no começo da década de 40, foi marcante.
A hora de soltar a voz
Além dos muitos discos, veio também a ideia de se vestir de vaqueiro,
figurino com o qual seria consagrado. Depois do sucesso tocando, era a
hora de soltar a voz. ‘Dança Mariquinha’ foi a primeira que ele gravou
cantando. No mesmo ano, assumiu a paternidade do filho de uma namorada.
Gonzaguinha recebeu o mesmo nome do pai e o talento para a música. Após
uma relação conflituosa durante anos, os dois chegaram a fazer shows
juntos na velhice de Gonzagão.
Luiz Gonzaga é um dos artistas com mais discos vendidos na história da
música brasileira, autor de clássicos como ‘Asa branca’, ‘Qui nem jiló’ e
‘Baião’. O ritmo, aliás, virou samba em 2012, em um desfile que deu à
Unidos da Tijuca o título de campeã do carnaval carioca naquele ano. Há 25 anos, Gonzagão “olhava para o céu”. Uma parada
cardiorrespiratória calava a sanfona real. Mas houve festa lá em cima,
afinal, o rei estava chegando.