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4 de fevereiro de 2025

Alimentos podem ficar mais caros no RN com alta dos combustíveis


O reajuste do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre os combustíveis, que entrou em vigor no último sábado (1º), deve impactar também a cadeia de produção de alimentos no País e provocar novos aumentos de preços nas prateleiras dos supermercados. No Rio Grande do Norte, segundo fontes ouvidas pela reportagem, os hortifrutigranjeiros devem ser os mais impactados, mas não apenas eles. Em todo o Brasil, as carnes, que registraram alta de R$ 20,8%, conforme o IBGE, também devem ser afetadas.

O efeito acontece mais especificamente em razão da alta do diesel, de R$ 0,06, o que representa um reajuste de 5%. Segundo o economista Emanoel Márcio Nunes, professor coordenador do Programa de Pós-graduação em Economia da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), o aumento do preço do diesel influencia diretamente na cadeia de produção de alimentos por causa do transporte de mercadorias, feito essencialmente por rodovias.

“Não só os fretes são impactados, mas também tratores, colheitadeiras e vários outros equipamentos utilizados no meio rural para a produção de alimentos”, explica Nunes. O economista Helder Cavalcanti analisa que toda a cadeia será impactada. “O diesel está em todos os insumos básicos, que vão da logística ao deslocamento”, diz.

Para William Eufrásio, professor do Departamento de Economia da UFRN, os hortifrutigranjeiros serão os itens mais afetados no Estado, com destaque para aqueles produzidos mais distantes de Natal e região. “Ficam mais caros todos os alimentos que não são produzidos no cinturão verde da Região Metropolitana, pois aumenta o custo de transporte e isso impacta no preço do produto. Mas os industrializados que são fabricados fora do RN também sentirão os efeitos e, com isso, praticamente toda a cadeia é afetada.

Esta é também a avaliação de Emanoel Márcio Nunes, da UERN, mas ele também acrescenta que itens como frutas, verduras, legumes, além daqueles produzidos em granjas, devem continuar subindo. Os aumentos, ainda de acordo com o economista, não deverão demorar para começar a aparecer. “O aumento do combustível costuma impactar imediatamente o consumo, então, é possível que nesta semana mesmo se perceba esse efeito”, aponta Nunes.

Quem atua no setor de supermercados vê mais este reajuste com preocupação. Segundo Geraldo Paiva, de um estabelecimento em Nova Descoberta, na zona Sul de Natal, a preocupação aumenta ainda mais porque, em 2024, houve redução de vendas.

“Creio que a gente vai observar alta em 15 ou 20 dias, por causa dos estoques, que permitem aos supermercados segurar valores”, diz Paiva, que também é presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do RN.

Mikelyson Góis, presidente da Associação dos Supermercados do RN, disse que ainda não é possível calcular de quanto será o impacto, mas ele assegura que, quanto mais distante estiver a área produtora das regiões atendidas pelos itens, mais alto será o preço. “Frutas, verduras e carnes serão muito afetadas, embora a gente ainda não consiga mensurar de quanto será o impacto. Mas o fato é que produtos perecíveis, portanto, abastecidos semanalmente, já vão receber uma precificação diferenciada em virtude do frete nesta semana”, aponta Mikelyson.

O presidente da Fecomércio-RN, Marcelo Queiroz, ressalta que os aumentos do diesel serão repassados às transportadoras e, por conseguinte, aos clientes, e por fim, ao setor de comércio de bens. “Esse impacto chega até o setor de serviços, como a atividade de alimentação fora do domicílio, por exemplo. Aumento de custos logísticos, portanto, será sempre um desafio a mais para o setor do comércio de bens e serviços”, afirma Queiroz.

Aumento provoca reajuste nos fretes

Os custos operacionais do Transporte Rodoviário de Cargas (TRC) sofreram um forte impacto com os reajustes aplicados neste início de ano, tornando inevitável a necessidade de repasse imediato nas tarifas de frete. O comunicado foi feito nesta segunda-feira (03) pela Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&LOGÍSTICA). Entre os principais fatores que justificam essa medida, segundo a associação, estão o aumento da carga tributária, a alta nos preços dos combustíveis e a elevação das despesas trabalhistas.

A partir de 1º de janeiro, as mudanças na legislação resultaram em um acréscimo médio de 1,5% nos custos da folha de pagamento das empresas de transporte. Além disso, a Selic, fixada em 13,25% na última reunião do Copom, elevou os encargos financeiros do setor, pressionando ainda mais a sustentabilidade econômica das operações.

O diesel, que representa cerca de 35% dos custos do TRC, teve dois reajustes significativos. O primeiro, definido pelo CONFAZ, aumentou a tributação estadual sobre o combustível, impactando os preços a partir de fevereiro. O segundo, anunciado pela Petrobras no fim de janeiro, elevou o valor do diesel para as distribuidoras em 6,29%, intensificando os desafios enfrentados pelas empresas do setor.

“Diante desse cenário, e considerando que o setor trabalha com margens reduzidas de rentabilidade, a NTC&Logística reforça a importância de observar todos os fatores elencados, com o repasse imediato no cálculo do frete, de modo a evitar que a atual defasagem verificada nas pesquisas do Departamento de Custos Operacionais e Pesquisas Técnicas e Econômicas – DECOPE se agrave ainda mais”, diz trecho da nota divulgada pela associação.

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