Uma em cada três mulheres no
mundo é vítima de violência conjugal, adverte a Organização Mundial da
Saúde (OMS) em uma série de estudos publicada na sexta-feira na
respeitada revista médica The Lancet. Apesar da
maior atenção dada nos últimos anos à violência contra mulheres e
meninas, esta ainda se mantém em níveis “inaceitáveis”, segundo a OMS,
que considerou insuficientes os esforços feitos.
Em todo o
mundo, entre 100 e 140 milhões de mulheres jovens e adultas sofreram
mutilações genitais, e cerca de 70 milhões de meninas se casaram antes
dos 18 anos, frequentemente contra a sua vontade, enquanto 7% das
mulheres correm risco de ser vítimas de estupro ao longo da vida,
destacaram os autores destes estudos.
A violência,
“exacerbada durante os conflitos e as crises humanitárias”, têm
consequências dramáticas para a saúde mental e física das vítimas,
acrescentou a OMS. A organização
das Nações Unidas reivindica um maior investimento por parte dos países
e dos doadores para reduzir a discriminação contra as mulheres,
destacando que não se trata apenas de um problema social e criminal, mas
também um tema de saúde pública.
Estes estudos
sugerem aos tomadores de decisão política, pessoal médico e doadores
internacionais cinco pistas para acelerar seus esforços. Segundo eles,
os Estados deveriam consagrar mais recursos para fazer do combate à
violência contra as mulheres uma prioridade, reconhecendo que se trata
de um freio para o desenvolvimento e o acesso à saúde. Ao mesmo tempo,
todos aqueles elementos que perpetuam a discriminação entre os sexos,
tanto nas leis quanto nas instituições, deveriam ser eliminados.
A promoção da
igualdade, dos comportamentos não violentos e a não estigmatização das
vítimas é uma necessidade, afirmaram os autores. A adoção de leis
preventivas apoiadas na saúde, na segurança, na educação e na justiça
permitirão também fazer evoluir as mentalidades. Finalmente,
os países deveriam favorecer os estudos e pôr em prática com mais
rapidez as medidas que se revelarem mais eficazes na luta contra a
discriminação de gênero.