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1 de julho de 2015

Rio Grande do Norte busca recursos para forragem para o gado potiguar

O Governo do Estado solicitou ao Ministério da Integração R$ 15 milhões em recursos para a distribuição de forragem e torta para o gado potiguar. Com a perspectiva de nova frustração da safra do ano, restrições à irrigação e possibilidades de mais um ano de seca em 2016, a distribuição é um “socorro” necessário aos agropecuaristas, segundo a Secretaria Estadual de Agricultura e Pesca. A solicitação foi feita ao ministério na última sexta-feira (26) e ainda não passou por análise, mas a necessidade, segundo o Estado, é de que a forragem entre em circulação a partir de agosto.

Hoje (1º), entra em vigor a resolução conjunta nº 640, da Agência Nacional de Águas (ANA), Instituto Gestor de Águas do RN (Igarn) e Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (Aesa), que suspende a irrigação na margem do Rio Piranhas-Açú, no trecho de 160 quilômetros entre Coremas, na Paraíba, e Jucurutu (RN). A suspensão afeta a economia seridoense, que tem como um dos seus sustentadores a pecuária leiteira. A medida abrange 1,6 mil irrigantes que atuam no trecho, dos quais mais da metade é pequeno produtor.

A suspensão ocorre por tempo indeterminado, e é justificada pelo nível crítico do reservatório Curemas, que chegou a 20,2% da sua capacidade, segundo medição do dia 22 de junho. O açude, localizado na Paraíba, é responsável pela perenização do Rio Piranhas. Entretanto, com as restrições à irrigação no Seridó, a pecuária leiteira poderá ser afetada, uma vez que sem a irrigação falta o capim. De acordo com o Sindicato dos Produtores de Leite do RN (Sinproleite), a bacia leiteira estadual já registrou queda de até 50% da produção nos últimos quatro anos de estiagem. Hoje, a média produzida não chega a 400 mil litros de leite. Além de alimentar as queijeiras, o produto também é destinado ao Programa do Leite do Governo do Estado e distribuído para a população carente. Há relatos de que alguns produtores estariam abatendo vacas leiteiras por não terem como vender o gado ou manter a produção após o corte.

De acordo com o secretário de agricultura, Haroldo Abuana Osório, foi solicitado ao Ministério da Integração recursos de R$ 14,995 milhões para a compra de 833 mil sacos de forragem, cada um com 25 quilos, e 62,5 mil sacos de torta de algodão, cada um com 50 quilos. A ração, segundo Abuana Osório, será distribuída entre dos 153 municípios que ora integram o decreto de emergência da seca no RN, e posto para distribuição nos dez galpões da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do RN (Emater). “A perspectiva é que a ração mantenha o gado até o próximo inverno, em março de 2016”, diz ele. Entretanto, a compra do material depende da liberação do recurso, mas a solicitação “ainda não chegou ao setor técnico responsável”, segundo o Ministério da Integração.

Para o secretário geral da Federação dos Trabalhadores da Agricultura (Fetarn), Francisco de Assis Araújo, a restrição cria tanto um problema para o produtor quando para o produtor rural. “Jardim (de Piranhas) é uma bacia importante, vai ter uma significativa perda da produção de leite e também da carne. Sem ração, o produtor não pode criar gado para abate”, justificou. Um dos pleitos da Fetarn é pelo retorno do milho subsidiado da Companhia Nacional da Abastecimento (Conab). O programa de Venda em Balcão retornou, mas sob o preço de R$ 37,20 o quilo. No ano passado, a saca era comercializada a R$ 18,10 para o pequeno produtor. “É quase o mesmo preço do saco normal, que é R$ 44”, acrescentou Araújo.

De acordo com a Sape, o Estado não tem gerência sobre o programa nem tem como intermediar o retorno.  “A questão do milho é toda resolvida pela Conab, já conversamos com a diretoria nacional com e com a Faern (Federação da Agricultura do RN), com com o pessoal do semiárido que tem acesso, mas não conseguimos, é uma caixa preta”, lamentou o secretário.

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