O Brasil tem 52 milhões de pessoas - o equivalente a toda a população da África do Sul e a um quarto da brasileira - vivendo na pobreza. Ou seja, em lares cujo rendimento médio de cada morador não passa de R$ 387 por mês ou US$ 5,5 ao dia. A classificação é a usada pelo Banco Mundial para verificar a quantidade de pessoas nos países da América Latina que vivem nessas condições.
Na pobreza extrema - rendimento domiciliar per capita mensal de R$ 133,72 ou US$ 1,9 diários - vivem 13,4 milhões de pessoas ou 6,5% da população brasileira. Os dados constam na Síntese de Indicadores Sociais 2017, divulgada pelo IBGE nesta sexta-feira.
O instituto identificou que a pobreza atinge mais fortemente crianças e adolescentes, homens e mulheres pretas ou pardas e famílias formadas por mulheres sem companheiro com filhos. Os 52 milhões de brasileiros em condições de pobreza vivem em famílias formadas, em média, por 4,6 pessoas.
De acordo com o estudo, 42% das crianças de 0 a 14 anos ou 17,8 milhões vivem na pobreza, assim como 33% dos homens pretos ou pardos e 34% das mulheres dessa mesma cor, enquanto atinge apenas 15% dos homens e mulheres brancas.
Com relação ao tipo de família, a pobreza atinge mais os lares formados por mulher sem companheiro e com filhos de até 14 anos (55% do total desse tipo de família) e por mulher preta ou parda também sem companheiro e com filhos de qualquer idade (64%).
PIORES CONDIÇÕES DE MORADIA E ACESSO A BENS
Essas famílias também vivem em moradias precárias e têm menor acesso a bens. Apenas 40% das pessoas em situação de pobreza têm acesso simultâneo a coleta de lixo, tratamento de esgoto e abastecimento de água, enquanto que para o total da população esse grupo chega a 62%.
Enquanto 64% da população brasileira tinha acesso a tratamento de esgoto no ano passado, esse serviço não chegava à metade (42,2%) da população abaixo da linha de US$ 5,5 por dia. O abastecimento de água chega á casa de 85% de toda a população, mas a apenas 73% do grupo que vive na pobreza, assim como a coleta de lixo chega ao lar de 90% do total de brasileiros e a apenas 76% das pessoas em situação de pobreza.
O instituto também identicou que um quarto desse grupo vivia em lar com ao menos uma deficiência nas condições de moradia, como ausência de banheiro para uso exclusivo, paredes externas construídas com materiais não duráveis, adensamento de mais de três moradores por dormitório ou valor declarado do aluguel igual ou superior a 30% da renda da família. Com relação ao total da população, esse problema atinge somente 12%.
A população em situação de pobreza também está em desvantagem no acesso a bens que têm papel essencial para bem-estar, como a máquina de lavar roupa. Esse eletrodoméstico estava presente em 63,7% dos domicílios particulares em 2016, mas só em apenas 34,7% dos domicílios com renda abaixo de US$ 5,5 dólares. O carro também estava presente em apenas 21% desses lares, ante metade do total de residências brasileiras.