Passar longe de cebola crua, evitar o consumo excessivo de alho e manter uma relação estável com a escova de dentes são as dicas mais simples para se eliminar as bactérias que ameaçam um hálito agradável. Há casos, porém, que nem um bochecho bem feito é capaz de resolver: sabe-se que a halitose, nome médico para o famoso mau hálito, também pode ser decorrência de problemas como diabetes e infecções no estômago e esôfago – mais difíceis de detectar do que uma higiene bucal precária.
Um grupo internacional de pesquisadores, porém, sugere que um outro fator é capaz de interferir nesse diagnóstico. Segundo seu estudo, publicado no jornal Nature Genetics, o problema com os odores bucais pode ser uma herança familiar inconveniente. Tudo culpa de uma mutação genética, responsável por uma proteína que cria substâncias causadoras do incômodo bafo.
Os cientistas analisaram amostras da boca, urina e sangue de cinco pacientes que se queixavam de mau hálito. Os voluntários eram de três famílias diferentes (uma portuguesa, uma alemã e outra holandesa), mas contavam com uma mutação em um mesmo gene, responsável por expressar a proteína conhecida como SELENBP1.
A proteína em questão, segundo os cientistas, é responsável por quebrar o metanotiol, composto químico responsável pelos odores. Assim, quando a quebra não acontece como deveria, o mau cheiro fica mais evidente. “Dá para sentir uma amostra do cheiro do metanotiol em flatulências humanas ou em um pedaço de queijo francês”, explicou Huub Op den Camp of Radboud, co-autor do estudo, ao site Seeker.
Nos pacientes analisados, apenas uma das mutações teve origem materna, e todas as outras vieram como herança do pai. Algo curioso é que, diferente do que possa parecer, a tal mutação é mais comum que se imagina: os pesquisadores calculam que 1 em cada 90 mil pessoas podem ter o mesmo problema genético. Então, da próxima vez pensar em sair acusando um amigo sobre sua falta de higiene é bom perguntar primeiro se tudo anda bem como sua produção de SELENBP1. Só para garantir.