Frente a frente à opinião pública, se quiser cair na tentação apontada pelo
Datafolha, que o viu com 30% dos votos para presidente dentro das manifestações
populares, Joaquim Barbosa terá de se explicar. Em palanques reais e
eletrônicos, alguém vai lhe perguntar, por exemplo, porque diz uma coisa e faz
outra.
Moralizador e austero em
seus discursos, na prática ele não consegue se distinguir de seus pares no uso
de expedientes que estão sob severo julgamento da sociedade. Como Barbosa irá se
declarar inocente desses pecados, do ponto de vista do público, se continua
sendo pego em flagrante no uso das mesmas mordomias?
No Conselho Nacional de
Justiça, o presidente do STF atacou como "esdrúxulas" algumas benesses aos
magistrados, como o pagamento de atrasados de auxílio-alimentação, prometendo
criar legislação contrária. Mas o próprio Barbosa. no passado, não se fez de
rogado, quando era promotor público, ao embolsar R$ 580 mil na forma de
pagamentos de bônus salarial, uma espécie de compensação ao auxílio-moradia de
deputados e senadores, e licenças-prêmio atrasadas.
Outros paradoxos foram
descobertos logo após a pesquisa eleitoral ter expandido ao máximo, até aqui, a
bolha de popularidade do presidente do STF. Depois de ter ordenado, no ano
passado, uma ampla reforma nos banheiros de seu gabinete, Barbosa chamou atenção
pelo uso constante, todas as semanas, de passagens Rio de Janeiro-Brasília-Rio
de Janeiro para os deslocamentos entre sua residência e o STF. Um benefício
histórico de diferentes cargos oficiais, mas que pune moralmente quem, como
Joaquim, se diz um paladino da austeridade.
Fonte: Jornal de Luzilândia