Há exatos trinta anos
morria Tancredo Neves, no dia 21 de abril de 1985. Em 15 de janeiro do
mesmo ano, o mineiro havia sido eleito, em eleição indireta pelo
Congresso Nacional, o primeiro civil presidente da República após a
ditadura militar, porém morreu antes de tomar posse. Quem assumiu foi
seu vice, José Sarney.
Para vencer a disputa,
o PMDB de Tancredo Neves, de Ulysses Guimarães e de tantas outras
personalidades que lutaram contra o regime militar teve de se unir à
chamada Frente Liberal, formada por dissidentes do PDS – partido de
sustentação do governo militar. No inicio de janeiro, o
então deputado Ulysses Guimarães entregou a Tancredo o programa do
partido, denominado de “Nova República”, que previa eleições diretas em
todos os níveis, educação gratuita, congelamento de preços da cesta
básica e dos transportes, entre outros.
Tancredo firmou com os
brasileiros, que foram às ruas lutar pelas eleições diretas, o
compromisso de virar a página da história do Brasil, colocando fim ao
ciclo comandado pelos militares. Tancredo Neves conquistou os
brasileiros de Norte a Sul e deu ao país perspectivas de uma pátria
livre. Com a convocação da Assembleia Nacional Constituinte, prometeu
banir o chamado “entulho autoritário”.
As esperanças começaram a
diminuir com a doença de Tancredo Neves, internado 12 horas antes da
posse em um hospital de Brasília, onde se submeteu a uma cirurgia. O
problema de saúde do presidente eleito foi comunicado na véspera de sua
posse. No dia 15 de março, no lugar de Tancredo assume interinamente a
Presidência da República o vice-presidente eleito, José Sarney.
Da noite de 14 de março até
a noite de 21 de abril, brasileiros de todas as regiões, raças e credos
oraram pela recuperação de Tancredo. As esperanças de tê-lo no comando
do país acabaram na noite de 21 de abril, quando oficialmente foi
anunciada sua morte. A tristeza e desesperança tomam conta do Brasil.
Até o sepultamento, em 24 de abril, Tancredo recebeu homenagens de
multidões de pessoas país afora.
Para o professor da
Universidade de Brasília e cientista político Flávio Britto, Tancredo
era a esperança. Segundo ele, sua morte acabou com o sonho de milhões de
brasileiros que aguardavam as mudanças prometidas em campanha. “Tancredo representava a
efetiva esperança da redemocratização. Sua morte foi um momento de muita
frustação e dor para o povo. A simbologia que ele passava era da
verdadeira redemocratização. Todos acreditavam que o país iria entrar
novamente nos trilhos.”
“Além de representar a
esperança, Tancredo Neves tinha a aparência de uma pessoa muito próxima e
simpática. Ele estava sempre sorridente, disposto a se aproximar das
crianças. Era uma figura que passava confiança”, disse o professor
Flávio Britto. “A notícia da morte dele
foi muito impactante. Havia uma união de solidariedade pela recuperação
do presidente eleito. Todos torciam pela recuperação dele. Tancredo
Neves foi transformado em uma espécie de herói nacional”, acrescentou
Flávio Britto.