Herdeira do Bradesco, Lia Maria Aguiar,
de 77 anos, não quer saber do mundo financeiro. Todas as atenções dela
estão voltadas para a fundação beneficente que leva seu nome, criada por
ela há 8 anos, que atende crianças carentes em Campos do Jordão, onde
mora. “Eu queria ajudar as crianças de alguma forma. Quando vim morar
aqui, éramos bem pequenos. Hoje, atendemos cerca de 400 crianças”, diz
ela, que segundo a revista Forbes tem fortuna avaliada em US$ 1,2 bilhão
— a publicação a coloca na 43ª posição na lista dos mais ricos do
Brasil. “Esse grande contraste na nossa sociedade sempre me incomodou”,
afirma a bilionária.
Alheia ao mundo dos negócios, entre seus
maiores orgulhos estão dois de seus alunos, Ianca Tomaz Pereira, de 18
anos e Vinícius Roberto Lima da Silva, de 19 anos — eles estão em Berlim
participando da Olimpíada de dança Tanzolymp. que reúne bailarinos do
mundo todo, concorrendo a bolsas de estudos. Ano passado, um diretor da
competição alemã esteve no Brasil como olheiro e se impressionou com a
dupla atendida na fundação. “A culpa da crise, até certo ponto, está na
falta de educação. Ela é a base, é o que falta no Brasil e, enquanto a
educação não for prioridade, não mudaremos. É um trabalho a longo prazo
e, só depois dele, sairemos dessa crise”.