Consciente das
dificuldades quase irreversíveis que seu governo enfrenta, a presidente
Dilma Rousseff admite perder significativa parte do poder para
permanecer no cargo. Dilma aceita, inclusive, a alternativa de terminar o
governo sob um regime de semiparlamentarismo. Na semana passada, o
presidente do Senado, Renan Calheiros, do PMDB de Alagoas, expôs a ideia
a Dilma em uma conversa a sós. Ela permaneceria presidente, mas o poder
real para administrar o país seria exercido por um primeiro-ministro.
Uma particularidade poderia ser introduzida no texto para permitir que o
primeiro-ministro não fosse, necessariamente, um parlamentar – um
artifício para entregar o cargo ao vice-presidente, Michel Temer.
Na semana
passada, por intervenção de Renan e do senador José Serra, do PSDB de
São Paulo, o Senado criou uma comissão especial para examinar o
semiparlamentarismo e criar um projeto. Foi por causa do “sim” de Dilma
que Renan se empenhou tanto no assunto publicamente. O fato serve para
atestar o desespero do governo. Estrategicamente, para Dilma, a simples
possibilidade seria uma forma de ganhar tempo. A ideia, no entanto, é
complexa e de dificílima execução. Praticamente não há condições
políticas para aprová-la, afinal, o governo tem pouca força no Congresso
e o processo de impeachment de Dilma está em andamento. Caso, em uma
situação muito excepcional, isso acontecesse, a mudança poderia ser
barrada no Supremo Tribunal Federal.